Desconto deve afastar café brasileiro da bolsa de NY

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Os produtores de café no Brasil acreditam ser improvável a “inundação” de café na bolsa de Nova York (ICE Futures) quando a instituição começar a aceitar a entrega de grãos brasileiros, de acordo com a P&A Marketing Internacional. A bolsa americana, onde o café arábica é negociado, vai começar a receber o grão brasileiro em março do próximo ano.

A ICE começou a classificar os cafés brasileiros neste mês e deve aplicar um desconto de 9 centavos de dólar a libra-peso para o produto sobre o preço negociado na bolsa. Os grãos da Colômbia, o segundo maior produtor mundial de café arábica, depois do Brasil, são comercializados com prêmio de 2 centavos de dólar, enquanto o produto da Índia e Equador terão descontos de 1 a 4 centavos de dólar por libra-peso.

“O desconto planejado pela ICE vai trazer desvantagens para os produtores brasileiros entregarem o café na bolsa”, disse Carlos Brando, diretor da P&A, durante a Conferência Mundial de Perspectivas para o Café, realizada em Genebra, na Suíça. Ele acrescentou que os produtores podem obter melhores preços fora da bolsa.

Opinião compartilhada por Rodrigo Costa, diretor da Caturra Coffees. Hoje , o preço FOB (no porto, na origem) do produto brasileiro recebe prêmio de cerca de 10 centavos de dólar por libra-peso. Costa acredita que diante da desvantagem, a entrega será pequena e a certificação do produto pela bolsa também não deve ser muito grande. A certificação funciona como uma garantia para o comprador e proporciona maior facilidade para acesso a financiamento bancário.

Ele explica que a aceitação do produto brasileiro para o contrato C, uma reivindicação de anos, traz uma “chancela” de que o café brasileiro tem boa qualidade. O produto não era entregue por não atender às especificações técnicas da ICE, que não aceita cafés naturais (quando o produto é seco por inteiro), ao contrário dos lavados e semi-lavados.

Nestes processos, o grão depois de colhido vai para um despolpador que remove a pele (chamada mucilagem) e segue para um tanque de água, onde é feita a fermentação e eliminados os resquícios dessa mucilagem.

 

Valor Econômico

Por Carine Ferreira | Valor, com Bloomberg News

CNC

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