Demanda por café instantâneo impulsiona Vietnã na cadeia de valor da cafeína

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A responsabilidade de ser o maior produtor de robusta não basta para o Vietnã. Ele quer ser conhecido como fabricante de café instantâneo, que abastece latas e potes em prateleiras do mundo inteiro.

Nestlé SA e Olam International Ltd. já investiram em instalações de processamento de café no país para aproveitar a crescente demanda por café instantâneo, pois o Vietnã visa incrementar as receitas de exportação aumentando as remessas de produtos processados. Cerca de 15 por cento da produção total será utilizado para fazer a variedade solúvel por volta de 2020, o que equivale a aproximadamente o triplo da proporção atual, segundo o Ministério de Agricultura.

O consumo mundial de café instantâneo disparou 62 por cento nos dez últimos anos, superando o avanço de 20 por cento dos grãos torrados e moídos, mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). A demanda anual vai crescer cerca de 3 por cento nos próximos três a cinco anos, estima a Olam, em meio ao apelo, nos mercados emergentes, da facilidade de preparar café simplesmente ao adicionar água quente.

"Especialmente na Ásia, a praticidade do café instantâneo está atraindo os consumidores, que cada vez mais adquirem o hábito de tomar uma dose rápida do revigorante", disse Vivek Verma, gerente administrativo e diretor mundial de serviços financeiros de café, laticínios e commodities na Olam. "Em muitos mercados emergentes há um status social implícito em consumir café, que é visto como um produto e uma atividade premium, de qualidade superior". 

Aumento do consumo

O consumo mundial de café aumentou 2,3 por cento anualmente de 2011 a 2014, conforme dados da Organização Internacional de Café. Embora nos mercados tradicionais a demanda tenha crescido 1,5 por cento, ela cresceu 4,6 por cento nos mercados emergentes. O mercado mundial de café solúvel se expandiu de US$ 3,65 bilhões em 2007 para cerca de US$ 5,5 bilhões no ano passado, de acordo com a Olam.

O café instantâneo responde por 14 por cento do consumo global, de acordo com o USDA. O Vietnã é o quinto maior exportador, atrás do Brasil, da Indonésia, da Malásia e da Índia, mostram dados do USDA. O país incrementou sua fatia das exportações mundiais para 9,1 por cento, em comparação com 1,8 por cento há cinco anos. O principal exportador, o Brasil, respondeu por 24 por cento, contra 29 por cento, segundo os dados.

O Vietnã pode impulsionar a produção de café solúvel graças aos custos mais baixos de fabricação e de mão de obra, e à disponibilidade do café robusta, disse Carlos Mera Arzeno, analista do Rabobank International. Além disso, o país também está perto do crescente mercado asiático, disse Verma, da Olam, em um e-mail. A companhia tem uma fábrica de produção de café instantâneo em Long An, província do sul do país, que começou a produção comercial em 2010 e foi ampliada em 2012.

O Vietnã enfrenta concorrência na exportação. As remessas de café da Índia devem dar o maior salto em quatro anos durante no ano fiscal que terminará em março de 2016, projeta a Associação Indiana de Exportadores de Café. No primeiros sete meses, as exportações oriundas do Vietnã despencaram 33 por cento e atingiram o patamar mais baixo desde 2010, mostram dados do governo.

Despertar o espírito

Outros países asiáticos estão aumentando a capacidade de produção do café instantâneo, disse Verma, da Olam, citando investimentos recentes na Malásia, no Laos, na Indonésia, na China, na Índia e na Coreia do Sul. Projeta-se que o Brasil vai continuar dominando a oferta massiva de café instantâneo durante os próximos cinco a oito anos porque conta com um câmbio competitivo, experiência e volume de processamento, disse ele.

No plano local, o Vietnã está promovendo a demanda de café, especialmente entre os jovens, para incrementar a proporção do consumo doméstico para mais de 25 por cento da produção por volta de 2030, contra menos de 10 por cento atualmente, de acordo com o Ministério da Agricultura.

"Meus pais gostam de chá, mas eu prefiro café porque tem um sabor melhor e é mais eficaz para despertar meu espírito de manhã", disse Nguyen Phuong Nga, 31, funcionária de um escritório na capital do Vietnã, Hanói.

Fonte: Bloomberg (Diep Ngoc Pham)

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