Crise faz cafeicultores deixarem campo em busca de emprego

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A crise no setor de café, que fez com que os preços das sacas despencassem, está atingindo pequenas cidades do Sul de Minas. Produtores começam a deixar a cultura e a migrar para cidades maiores para trabalharem na indústria e na construção civil. A situação já preocupa sindicatos de trabalhadores rurais, que tentam fazer convênios com empresas para que o profissional consiga emprego sem ter que deixar o município onde mora.

Em Monte Belo (MG), o produtor João Maria Costa colheu nesta safra 80 sacas de 60 quilos que foram negociadas em média a R$ 230. O baixo preço da saca, a falta de dinheiro para começar a adubação pós-colheita dos cinco mil pés e a preocupação com as dívidas fizeram com que o produtor deixasse o campo junto com a família. Agora, já são quatro meses trabalhando com os filhos como pedreiro.

"É caro produzir café e eu não estou conseguindo cobrir as despesas com essa crise. Meu sonho é voltar para o sítio, mas ele está sendo destruído desse jeito", desabafa.

O mesmo acontece em Cabo Verde (MG). Elton Francislei da Silva cultivou café por 15 anos, mas no ano passado, insatisfeito com o preço da saca, resolveu deixar a lavoura e foi trabalhar como pedreiro. Ele está à procura de um emprego melhor e não pensa em voltar a produzir café.

Com crise do café, produtores do Sul de Minas estão trabalhando como pedreiros (Foto: Michel Diogo / EPTV)

"A gente sonha com uma vida melhor, mas Cabo Verde é uma cidade pequena e que depende do café. Essa foi a maneira de achar uma saída", afirma.

Segundo o Sidicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde, nesta época é comum que os trabalhadores contratados para a colheita sejam dispensados e procurem pelo sindicato para conseguir outro emprego. No entanto, desta vez, junto com eles vieram os pequenos produtores. Nos últimos dois meses, a entidade recebeu cerca de 200 currículos, sendo que metade deles são de pequenos produtores que pretendem deixar ou já deixaram o café. A maioria busca por trabalho em empresas da cidade.

Na tentativa de colocar no mercado quem deseja deixar o café, o sindicato tem buscado parcerias em outras cidades da região. Somente o Sine (Sistema Nacional de Emprego) de Poços de Caldas (MG) recebeu cerca de 100 currículos. Ainda não há um levantamento de quantas pessoas já conseguiram emprego.

Fonte: G1 Sul de Minas

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