Consórcio Pesquisa Café da Embrapa faz balanço

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O Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, unidade da Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), desenvolve tecnologias que, quando adotadas pela cafeicultura familiar, torna a produção competitiva, rentável e sustentável. Como resultado, as tecnologias geradas pelo Consórcio Pesquisa Café permitem que os pequenos produtores vivam uma nova realidade e deixem no passado a imagem de que pequeno produtor é atrelado a técnicas ultrapassadas. O acesso ao conhecimento e às tecnologias adequadas à pequena propriedade levou a cafeicultura familiar a um novo patamar. Hoje, o café desses produtores não só gera renda familiar como, principalmente, tem qualidade reconhecida.

Segundo o Censo Agropecuário 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui mais de 285 mil estabelecimentos rurais de café. A grande maioria das propriedades cafeeiras é formada por famílias de pequenos produtores. O Simpósio de Cafeicultura Familiar, realizado em 2009 pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas (MG), destacou ainda que 70% delas têm menos de 20 hectares.

A cafeicultura familiar vem ganhando qualidade com as pesquisas das instituições consorciadas nas diferentes regiões produtoras do país, tornando-se, inclusive, tema de livros. Um exemplo é a obra “Infraestrutura mínima para produção de café com qualidade”, de Juarez de Sousa e Silva da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em parceria com os pesquisadores Roberto Precci Lopes, Sérgio Maurício Lopes Donzeles e Carlos André da Costa. Editado com apoio do Consórcio Pesquisa Café, constitui-se manual para qualquer pequeno cafeicultor que deseja otimizar sua produção e obter um produto final de qualidade, apresentando opções de máquinas de baixo custo e tecnologias para as etapas de pós-colheita especialmente pensadas para a cafeicultura familiar.

Algumas realizações

O mesmo caminho está sendo feito pela pesquisa da Embrapa Cerrados sobre o Estresse Hídrico Controlado, tecnologia que também está beneficiando pequenos produtores no Espírito Santo e na Bahia.  A tecnologia que pode ser adotada em qualquer propriedade e não tem custo alto, pois os sistemas de irrigação já são normalmente instalados, permite a uniformização da florada com base no controle da irrigação, para otimizar a colheita e melhorar a qualidade dos grãos.

A pesquisa que desenvolveu o Sistema para Limpeza de Águas Residuárias (Slar) – resultado de parceria da Embrapa Café com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) – projetou um equipamento passível de ser construído pelo próprio produtor. O aparelho consiste num sistema de caixas de decantação interligadas e de peneiras estrategicamente posicionadas que permite o reaproveitamento da água utilizada no processamento dos grãos em lavagens futuras. A tecnologia pode gerar uma economia de até 90% de água na etapa do processamento via úmida dos frutos.

Em relação à agroecologia, o cafeicultor familiar pode se beneficiar com a tecnologia do “Manejo de plantas daninhas usando leguminosas herbáceas consorciadas com café”. A pesquisa avaliou as influências das leguminosas lablabe, sirato, híbrido de Java e amendoim forrageiro na redução das plantas daninhas que podem ser prejudiciais aos cafezais. Segundo Julio, “essa tecnologia é de baixo custo e pode ser adotada em qualquer tipo de propriedade cafeeira”. A prática está de acordo com os sistemas de produção de cafés de base ecológica, certificados e especiais, contribui para agricultura de baixo carbono e promove a sustentabilidade da cafeicultura, com redução do uso de herbicidas, capinas e custos.

No Paraná, onde a cafeicultura é formada praticamente de pequenas propriedades, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) desenvolve continuamente o projeto de pesquisa “Café Adensado”, que recebeu apoio do Consórcio. A tecnologia consolidada entre os cafeicultores do estado depende essencialmente da mão-de-obra familiar na produção, principalmente na colheita. Ela consiste em aumentar a quantidade de plantas na mesma área cultivada. Mais próximas, as plantas otimizam o espaço e aumentam a produtividade, mas é preciso um manejo adequado até a colheita para manter a área limpa, produtiva e livre de pragas e doenças.

As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio financeiro do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé/MAPA).

Fonte: MundoCoop

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