CONHECIMENTO PARA SOBREVIVER NO MERCADO

O agronegócio, assim como outros setores, está se modernizando. O processo é lento e haverá resultado a médio, longo prazo. Mas em um mundo globalizado, é necessário adaptação para permanecer na concorrência e vencer aquele que apresentar ao consumidor o melhor preço associado à qualidade.

De acordo com o censo brasileiro mais recente, apenas 8% dos estabelecimentos agropecuários estão na vanguarda tecnológica, pois geram 85% do valor total produzido. O agronegócio é responsável por 25% do PIB. Na cadeia, a agropecuária é responsável por 26% do produto setorial, enquanto a indústria e a distribuição, conjuntamente, respondem por 64%.

E nós, produtores rurais, é que somos os responsáveis pela sobrevivência do setor. Nós somos quem detém da matéria-prima, desde seu planejamento, cultivo, manejo até a conclusão do ciclo com a colheita. Tamanha é nossa responsabilidade, que a valorização e o empenho do governo é inversamente proporcional. Ou seja, somos quem garante a sobrevivência da população e das empresas.

A redução da importância da agricultura, em relação á agroindústria e distribuição, não deve ocorrer. Se a capacidade de absorção tecnológica pela maioria dos produtores é considerada baixa, a saída é adaptação. Ao passo que o setor tem que transformar a maneira de enfrentar o mercado, a classe que compõem o departamento também tem.

Os produtores rurais não têm que pensar que homem da terra não precisa trabalhar com a tecnologia. A globalização já atinge o meio rural há muito tempo, desde as ordenhadeiras mecânicas, máquinas agrícolas e tanque de resfriamento à utilização da internet para movimentações financeiras, importação e exportação.

O grau de instrução pode estar relacionado à aversão à tecnologia. Dos 3,9 milhões de proprietários rurais, 90% possuem qualificação inferior ao ensino fundamental, para não mencionar os 27% que são analfabetos. Essa realidade não precisa ser contínua. Há programa de alfabetização de adultos e idosos e os cursos de capacitação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar – que auxiliam muito o produtor.

O crescimento produtivo é estimulado pelo desenvolvimento tecnológico. Uma produção moderna oferta bens em quantidades superiores, mas a preços reais decrescentes, o que causa contenção inflacionária e distribuição relativa de renda. Porém, aos produtos não comercializáveis, dentre feijão e mandioca, por exemplo, existem muitos produtores atrasados. Os efeitos anti-inflacionário e redistributivo de um alimento mais barato ficam comprometidos no ambiente de baixa incorporação tecnológica.

O conhecimento para entendermos a necessidade de adaptação à tecnologia é também o começo para reunirmos argumentos e termos discernimento para unirmos em nossos sindicatos com propósito de reivindicar junto às autoridades governamentais recursos financeiros e assim valorizar nossa atividade. A experiência que adquirimos ao longo da vida é essencial para fazermos escolhas. Entretanto o conhecimento vai nos ajudar na compreensão e formulação de propostas melhor esclarecidas.

Unidos, podemos enfrentar esse objetivo, enfrentando nossas dificuldades e colhendo os frutos da glória ao final de cada batalha. A guerra é árdua e cheia de obstáculos. Basta nós queremos vencê-la, mas sem a intervenção de terceiros. 

* Arnaldo Bottrel Reis é presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e vice-presidente da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite – Sincal.

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