Commodities agrícolas recuam em janeiro na BM&F

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O preço médio da maioria das commodities agrícolas negociadas na Bolsa de São Paulo (BM&FBovespa) recuou em janeiro. Segundo levantamento do Valor Data, os contratos futuros de café, boi gordo e etanol para a segunda posição de entrega (normalmente, os vencimentos mais líquidos) registraram desvalorização em relação ao patamar médio observado em dezembro. Em contrapartida, as cotações do milho e da soja registraram aumentos expressivos.

Os contratos futuros de etanol lideraram as perdas no último mês. Em janeiro, a cotação média foi de R$ 1.219,83 por metro cúbico, uma queda de 5,89% em relação ao mês anterior. Foi o segundo mês seguido de queda, após uma sequência altista que se estendeu por seis meses.

Os preços mais baixos refletem basicamente o arrefecimento da demanda interna. Ao longo do ano passado, os preços elevados do produto hidratado (aquele vendido na bomba) fizeram com que os motoristas migrassem para a gasolina. Além disso, o governo reduziu em outubro a mistura do álcool anidro na gasolina, o que deve significar uma redução de consumo de aproximadamente 1 bilhão de litros no ano-safra que termina em março. Apesar da forte retração, a cotação de janeiro ainda foi 4,83% maior do que a apurada em igual período de 2011.

Os preços futuros do café tipo arábica mergulharam 3,07%, para US$ 290,21 por saca de 60 quilos. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Gil Barabach, o mercado de café segue pressionado pela expectativa de uma safra recorde no Brasil e de recuperação da produção em outras origens da commodity. "Não há nada francamente altista capaz de sustentar os preços neste momento", afirma.

Os preços futuros do café atingiram máximas históricas em abril do ano passado, pico da entressafra brasileira, mas vêm cedendo desde então diante da perspectiva de aumento da oferta e dos temores de arrefecimento da demanda diante da crise nos países desenvolvidos. Mas, apesar da forte queda, os preços de janeiro se mantiveram 0,3% acima da média apurada 12 meses antes.

Os preços do boi gordo também recuaram, 0,81%, em relação aos patamares de dezembro, para R$ 97,31 a arroba. Foi o segundo mês seguido de desvalorização. Para Iberville D"Athayde Neto, analista da Scot Consultoria, o recuo já era esperado. "Janeiro é o pior mês do ano do ponto de vista do consumo de carne bovina", afirma. Além da demanda mais fraca, o mercado assiste ao aumento da oferta de animais terminados em pasto após o período de entressafra, quando a arroba ultrapassou a barreira dos R$ 105.

D"Athayde Neto destaca ainda uma maior oferta de fêmeas para o abate. "Este é um movimento sazonal, que acontece sempre depois da temporada de monta [período de reprodução], mas pode ser maior neste ano, já que os produtores retiveram muitas fêmeas nos últimos anos com o objetivo de ampliar o rebanho", afirma.

Em contrapartida, os mercados de GRÃOS registraram ganhos expressivos na bolsa paulistana. Os contratos futuros de soja subiram, em média, 4,34%, para US$ 27,42 por saca de 60 quilos. Os do milho avançaram 3,85%, a R$ 27,01 por saca. A alta corrigiu parte das perdas acumuladas no último trimestre de 2011 – entre outubro e dezembro, soja e milho acumularam queda de 11,42% e 19,3% – quando o recrudescimento da crise financeira internacional derrubou as cotações de praticamente todas as commodities.

A oscilação dos GRÃOS na BM&FBovespa é fortemente influenciada pelo comportamento dos contratos da bolsa de Chicago, que servem de referência para a formação dos preços em todo o mundo. Em janeiro, os preços da soja e do milho subiram, respectivamente, 4,93% e 4,44% na bolsa americana. A preocupação com o clima na América do Sul, onde a estiagem provocada pelo efeito La Niña derrubou as estimativas para a produção de soja e milho, ajudou a inflacionar as cotações no último mês. A melhora do humor nos mercados financeiros, o aumento do apetite por risco e a consequente queda do dólar também deram impulso aos mercados de GRÃOS.

Contudo, os preços da soja em São Paulo ainda ficaram 12,4% abaixo da média apurada em janeiro de 2011. Os contratos de milho, por sua vez, subiram 1,06% nos últimos 12 meses.

Fonte: Safras

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