Com pressão externa, café não busca resistência e recua em NY

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Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com perdas, em uma sessão caracterizada por vendas especulativas e de fundos.

Boa parte dos ganhos obtidos na sessão passada se perderam, por conta, principalmente devido aos reflexos do mercado externo, onde as bolsas de valores internacionais e as commodities internacionais recuaram.

Mesmo com o dólar também tendo um dia de perdas, o que, em geral é positivo para as matérias-primas, esses mercados não demonstraram potencial de recuperação nesta quinta e fecharam em queda.

O índice CRB, que mede o comportamento das principais 24 commodities internacionais, encerrou o dia aferindo uma retração de 0,51%, com 333,05 pontos. Fundamentalmente o mercado não conta com novidades.

As notícias mais relevantes de produção estão amplamente assimiladas pelo mercado, que também já conta com projeções específicas para a oferta do grão em 2011, que deverá ser apertada, ao passo que a demanda tem toda a possibilidade de continuar subindo, principalmente após alguns sinais externos de recuperação de economias importantes da América do Norte e Europa.

Graficamente, mesmo com as baixas do dia, o mercado continua dando demonstração de força, se posicionando em intervalos estratégicos. Os dados da produção mundial de café na safra 2010/2011, revelados pela Organização Internacional do Café, não surpreenderam o mercado.

Segundo a entidade, a produção deverá totalizar 134,6 milhões de sacas, um aumento de 9,6% no ano, com a oferta de arábica observando um aumento em 10,8 milhões de sacas, ou 15%, para 84,1 milhões de sacas, enquanto na produção de robusta está previsto um aumento de 1 milhão de sacas para 50,5 milhões de sacas.

No encerramento do dia, o março em Nova Iorque teve retração de 310 pontos com 237,50 centavos, sendo a máxima em 241,20 e a mínima em 236,60 centavos por libra, com o maio tendo oscilação negativa de 290 pontos, com a libra a 239,15 centavos, sendo a máxima em 242,50 e a mínima em 238,50 centavos por libra.

Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição março registrou queda de 30 dólares, com 2.137 dólares por tonelada, com o maio tendo desvalorização de 30 dólares, com 2.157 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, apesar das quedas, o mercado de café teve um dia relativamente calmo, com as perdas ganhando um corpo mais avantajado na parte final da sessão.

Os especuladores e fundos estiveram na posição vendedora, principalmente depois de o março não demonstrar nenhum sinal de força para buscar a resistência de 244,50, a máxima da sessão de quarta-feira.

"Sem nem sequer testarmos a resistência, o mercado se sentiu estimulado a vender e realizar e as baixas vieram. Além disso, o mercado externo não contribuiu e pressionou as commodities e o café foi junto", disse um operador.

Os Estados Unidos trabalham a perspectiva de limitar a atuação de especuladores nos mercados de commodities, proposta que há anos vem sendo especulada, mas que nunca entrou definitivamente em prática.

A lei Dodd-Frank, que trata de assuntos econômicos e que foi aprovada no ano passado, deu poderes à CFTC (Commodity Futures Trading Commission) para a imposição de limites sobre os mercados. Uma decisão da Comissão prevê a limitação de operações de 28 produtos, incluindo o café e outras importantes matérias-primas, como petróleo e soja.

A proposta que, segundo os opositores, poderá fazer com que os negócios com esses produtos migrem para outros mercados, está aberta a análise pública por 60 dias. As fortes chuvas registradas na semana passada na região da Zona da Mata de Minas Gerais provocaram deslizamento de encostas, e alguns cafezais foram afetados.

Apesar dessa perda, de acordo com o engenheiro agrometeorologista da empresa Somar, Marco Antônio dos Santos, esse deslizamento não irá afetar a produção da região e nem a produção estadual. No Espírito Santo, também tempestades e os altos volumes de chuva provocaram o deslizamento de encostas, onde havia plantação de café. Mas nada que possa reduzir as estimativas preliminares de produção.

A preocupação é com o excesso de umidade sobre as plantas, por conta do aumento da proliferação de doenças, como a ferrugem e pseudômonas (mancha aureolada). “Estão ocorrendo chuvas quase que diárias. Os trabalhos de pulverização e controle dessas doenças estão muito complicados, o que poderá trazer problemas aos cafeicultores e à produção”, explica Santos.

Além disso, segundo a Somar Meteorologia, há previsões de mais chuvas para toda essa semana, deixando a situação mais complicada para a realização dos trabalhos de campo. As exportações de café do Brasil em janeiro, até o dia 12, somaram 527.399 sacas, contra 733.211 sacas registradas no mesmo período de dezembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 2.300 sacas indo para 1.678.747 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 22.850 lotes, com as opções tendo 7.556 calls e 8.997 puts.

Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem uma resistência em 241,20, 241,50, 242,00, 242,50, 242,95-243,00, 243,30, 243,50, 244,00, 244,50 e 244,90-245,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 236-60-236,50, 236,00, 235,70, 235,50, 235,00, 234,50, 234,00, 233,50 e 233,10-233,00 centavos por libra.

Fonte: Agnocafe

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