Com pressão externa, café cai em NY mas fica acima de 200 cents

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Os contratos futuros de café arábica tiveram uma quarta-feira de significativa volatilidade na ICE Futures US, com as cotações encerrando o dia no lado negativo da escala de preços, porém dentro do range de 200 centavos de dólar por libra peso. O dia se caracterizou pela influência dos mercados externos.

O dólar, após um período de "derretimento" consegue nesta semana duas sessões de altas consecutivas, o que deu "suporte" para que alguns players entrassem vendendo no segmento de commodities, incluindo o valorizado mercado de café. Os indicadores externos da economia estiveram predominantemente piscando no vermelho nesta quarta-feira.

As bolsas de valores nos Estados Unidos recuaram, com as commodities — e o índice CRB — também na retração e apenas o dólar com valorização em relação a uma cesta de moedas internacionais.

O macromercado trabalha com indicativos mais consistentes que os levantados pelo governo norte-americano sobre possíveis "injeções de ânimo" do Fed (Federal Reserve, que é o equivalente do Banco Central brasileiro) na economia do país. Alguns operadores acreditam em uma "injeção" de mais ou menos um trilhão de dólares através de títulos de dívida.

Com essa perspectiva, muitos players ficam reticentes, fugindo de mercados como o de commodities, cujo risco é mais alto, e mantêm-se no aguardo, na expectativa do que poderá ocorrer com a economia do país. No que se refere especificamente ao café, o dia foi considerado calmo, com alguns operadores se atentando para mais um problema climático na Indonésia.

Pelo menos 25 pessoas morreram devido à erupção do vulcão Merapi, na ilha de Java. Fontes do hospital Sardjito, em Yogyakarta, cidade universitária situada a 25 quilômetros da cratera, afirmaram que "pelo menos duas dezenas de pessoas morreram". O vulcão Merapi, situado a 26 quilômetros ao norte de Yogyakarta, entrou em erupção na terça-feira, expelindo cinzas e nuvens de gases.

A região conta com diversas propriedades rurais de café robusta e há relatos de que os produtores se recusam a sair da região para continuar cuidando de suas plantações. Ainda não há dados sobre possíveis prejuízos às produções. No encerramento do dia, o dezembro registrou queda de 145 pontos, com a libra a 200,30 centavos, sendo a máxima em 203,55 e a mínima em 199,25 centavos por libra, com o março tendo oscilação negativa de 140 pontos, com a libra a 202,15 centavos, sendo a máxima em 205,30 e a mínima em 201,30 centavos por libra.

Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve alta de 56 dólares, com 1.910 dólares por tonelada, ao passo que o janeiro registrou valorização de 56 dólares, com 1.935 dólares por tonelada. De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por uma boa volatilidade e por uma pressão na zona de alta, por conta, principalmente, dos fatores externos.

Alguns players aproveitaram o cenário para realizar alguns lucros, entretanto, o mercado conseguiu se posicionar acima dos 200 centavos de dólar por libra, o que, para outros especialistas, indica um cenário de uma interessante solidez. Jenny Bustamante, técnica da Unidade de Comercialização do Instituto Hondurenho de Café, apontou que alguns exportadores estão começando a fixar suas negociações com base no preço internacional, ao passo que os compradores começam a ampliar as compras, na espera de movimentos de baixa nas bolsas.

"Existem muitos fatores que fazem a safra deste ano especial, como o Brasil, que consome muito e fez um plano de opções no início da safra, além é claro do aspecto da oferta curta do grão", observou a especialista.

O mercado, efetivamente, carece de grãos de maior qualidade e origens como a Colômbia já demonstram não ter força para registrar neste ano uma grande oferta do produto. Por sua vez, no Brasil, os vendedores que contam com cafés de maior qualidade estariam limitando suas ofertas. "Há cafeicultores que estão segurando forte e planejam comercializar só em 2011, quando projetam um mercado ainda mais forte com a safra menor do Brasil", apontou um operador.

As exportações de café do Brasil em outubro, até o dia 26 somaram 2.228.313 sacas, contra 1.885.797 sacas registradas no mesmo período de setembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 5.315 sacas, indo para 1.822.251.

O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 16.103 lotes, com as opções tendo 4.886 calls e 2.221 puts. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem uma resistência em 203,55, 204,00, 204,50-204,60, 204,90-205,00, 205,50, 206,00, 206,50, 207,00, 207,50 e 208,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 199,25, 199,10-199,00, 198,50, 198,00, 197,50, 197,00, 196,50 e 196,10-196,00 centavos por libra.

Fonte: AgnoCafe

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