Com frente fria bloqueada, região Sudeste tem inverno mais seco dos últimos anos

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Após ter o verão mais chuvoso da década no fim de 2009 e começo de 2010, a região Sudeste enfrenta agora um dos invernos mais secos dos últimos anos. O período atual do ano é tipicamente seco, mas os índices de umidade relativa do ar estão em níveis críticos em cidades do Sudeste e do Centro Oeste. São considerados preocupantes índices abaixo de 30%.

Este mês de agosto, já sem perspectivas de chuvas, é o nono mais seco na cidade de São Paulo nos últimos 77 anos, período de existência da série histórica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP). Choveu somente 3,7 milímetros (mm), apenas chuviscos e garoa, sendo que a média para o mês é de 38 mm. O último agosto mais seco da capital paulista foi o de 2007, quando choveu 0,7 mm. Há um bloqueio atmosférico da frente fria no Sul, que impediu nas últimas duas semanas que ela chegasse ao Sudeste levando mais frio e umidade.

Especialistas em clima explicam que, apesar do inverno de 2010 estar entre os mais secos da série histórica, não há motivos para preocupação em relação ao que está por vir. São esperadas chuvas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a partir do começo da semana que vem, ainda sem previsão sobre a intensidade, porém.

Junto à maior umidade, a temperatura deve cair. A previsão é que a temperatura máxima no município de São Paulo na próxima terça seja de 22 graus. "Uma frente fria mais forte, o que significa ter mais umidade, deve se formar no Sul no sábado e vir rápido para o Sudeste, porque a região está muito seca", explica Felipe Farias, meteorologista do Inpe.

Também não há uma tendência linear no decorrer dos anos de aumento da seca no inverno. Observando a série histórica, é possível perceber que meses muito secos são seguidos por outros menos secos e assim por diante. "É comum haver essas flutuações e grandes contrastes entre um ano e outro, devido à influência de fenômenos como El Niño e La Niña", diz Samantha Martins, do IAG-USP.

O Inpe confirmou neste mês o início da influência do fenômeno climático La Niña, que é o resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, com mudanças nos padrões de transporte de umidade e o regime de chuvas. Com ele, chove menos no Sul e Sudeste e chove mais no Norte do Brasil. Uma influência maior dele, porém, é esperada pelos especialistas somente para os próximos meses.

Augusto José Pereira Filho, professor do IAG-USP, explica que o fenômeno La Niña deve perdurar até o próximo ano. A última ocorrência do La Niña foi entre os anos de 2007 e 2008. "Esse prognóstico sugere dificuldades para o setor elétrico e agricultura, particularmente no Sul do Brasil", diz Pereira Filho.

Mesmo assim não há como afirmar que o próximo verão será mais seco a partir do comportamento do clima neste inverno. "A influência do La Niña é mais direta na região Sul. Ainda não dá para saber quais serão os seus impactos no Sudeste", diz Priscila Farias, meteorologista do Inpe.

Segundo ela, já é possível prever, por exemplo, que as chuvas devem voltar a partir da segunda quinzena de outubro, início do período úmido. "Temos previsões para os próximos três meses, e há indicativo de vir mais chuvas."

Fonte: Valor Econômico

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