Com estabilidade de preços, área de produção do café recua na Bahia

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A estabilidade dos preços do café durante 2019 fizeram com que a área de produção na Bahia recuasse em 20% para a variedade conillon e em 30% para o tipo arábica, informou nesta quarta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo os dados, que fazem parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a área cultivada com o café conillon, plantado no sul e extremo sul do estado, fechou o ano em 41.800 hectares, ante os 52 mil hectares de 2018.

Com a redução de área, a produção do conillon ficou em 108.090 toneladas, o que representa queda de 23% em relação a 2018, que teve produção de 140.400 toneladas, segundo informações do IBGE.

No café arábica, a queda da produção foi maior, de 33%: saiu de 122.568 toneladas em 2018 para 105.018 toneladas em 2019. A área plantada do café arábica saiu dos 102 mil hectares de 2018 para 71.500 em 2019.

De acordo com dados do sistema de cotações da Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), os preços do café conillon fecharam 2019 praticamente do mesmo jeito que começaram, com variações apenas para baixo durante o ano.

Há um ano, apenas para exemplificar, a saca de 60 quilos do conillon, cotada em Eunápolis, estava em R$ 290, e nesta quarta-feira em R$ 280, tendo chegado a R$ 295 no início de dezembro.

No varejo, os preços do café também tem se mantido estáveis, conforme indica a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Até maio (dado mais recente), o consumidor pagava R$ 19,65 no quilo do café.

Trabalhador durante colheita do café em São Paulo (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
No café arábica a queda na produção foi de 33%: (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Surpresa final

Internacionalmente, os preços do café são regulados pelas bolsas de Londres (no caso do café conillon) e Nova York (café arábica), as quais também se mantiveram estáveis, devido aos altos estoques e grande oferta, mas fechou o ano com variação para melhor no caso do arábica.

A melhora nos preços ocorreu após uma redução nos estoques mundiais, que trouxe o sentimento de que o balanço de oferta e demanda seria mais apertado que a expectativa do mercado.

Está condição foi corroborada pelo relatório da Associação do Café Verde (GCA, na siga em ilgês), entidade americana que indicou uma queda de mais de 170 mil sacas nos estoques dos Estados Unidos em outubro. Desde então os estoques reportados pela associação têm mostrado quedas.

“Essa queda nos estoques que deu a reação, o que fez subir foi o sentimento de uma oferta e demanda mais apertada, além do movimento dos fundos especulativos”, disse o analista de café Fernando Maximiliano, da consultoria INTL FCStone.

O preço do café arábica fechou o ano com alta de 27,7% na Bolsa de Nova York, a US$ 134,25 a saca. O conillon chegou a ir no mesmo embalo de crescimento em outubro, mas estabilizou em novembro e caiu em dezembro, fechando a US$ 75,65, queda de 11,2% durante o ano.

Segundo Maximiliano, os preços do conillon não reagiram devido produção recorde do Vietnã, de 32,2 milhões de sacas – o Vietnã é o maior produtor de café conilon do mundo. “Os preços do conilon se mantiveram pressionados por conta da alta produção do Vietnã”, ele afirmou.

Produção de café na Fazenda Progresso (Divulgação)Área de plantação de café em Mucugê, na Chapada Diamantina (Divulgação)

Estimativas para o ano

E para 2020 as expectativas de melhoria no preço não são boas por conta de ser um ano de melhor produtividade – a cultura do café possui uma bienalidade, em um ano produz mais e no outro a produção cai.

Mas com relação ao café conillon, por conta da redução da área plantada em 2019, a estimativa é de redução da produção com relação a 2018 – deve ficar em 106,6 mil toneladas, ou 1,8 milhão de sacas de 60 kg.

“Dessa forma, a menos que haja recuperação dos preços nos próximos meses, não se aguarda aumento nos investimentos em tratos culturais e adubação, o que pode comprometer o rendimento das lavouras ao longo do ano”, informou Rodrigo Gomes Anunciação, da Supervisão de Pesquisas Agropecuárias do IBGE.

Relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Cepea/Esalq aponta que o mercado nacional de café arábica têm apresentado baixa liquidez nas últimas semanas.

Na Bolsa de Nova York, na última quinzena de 2019, o contrato Março/20 (de maior liquidez) chegou a variar mais de 1.000 pontos, influenciado especialmente por fatores técnicos e movimentos cambiais.

No Brasil, o cenário foi praticamente o mesmo. No dia 16 de dezembro de 2019, o Indicador Cepea/Esalq do café tipo 6 bebida dura para melhor, em São Paulo, atingiu o maior valor desde 13 de fevereiro de 2017, a R$ 571,63/saca de 60 kg. Desde então, os preços recuaram fortemente, indo para R$ 509,50/sc nessa terça-feira (7).

“Apesar de muitos agentes retornarem efetivamente ao mercado nesta semana, os baixos preços do café e o volume significativo de grãos comercializados até a primeira quinzena de dezembro de 2019 devem desestimular produtores a venderem sua mercadoria”, informa o Cepea.

Fonte: Canal Rural – Blog Mario Bittencourt

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