Com commodities em alta, Fazenda aumenta previsão para IPCA
A guinada nas cotações internacionais das commodities agrícolas e minerais a partir de junho levou o Ministério da Fazenda a elevar de 5% para 5,1% a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. A projeção para o crescimento da economia é de 7,5%, baseada em 10,3% de expansão da demanda interna, menos a contribuição líquida negativa da demanda interna, de 2,8%, em função do maior avanço das importações frente às exportações.
A previsão de crescimento de 7,5% para 2010 eleva para 5,9% a média da projeção de expansão do PIB prevista para o período entre 2010 e 2014. Os números fazem parte do boletim de conjuntura referente a agosto e setembro, apresentado ontem pelo Ministério da Fazenda.
Ao comentar o desempenho do PIB, o ministro Guido Mantega lembrou que, após a aceleração ocorrida no primeiro trimestre, o ritmo de atividade diminuiu nos meses seguintes. "A economia roda em nível satisfatório. O uso da capacidade instalada diminuiu e os estoques aumentaram, portanto, não há pressão inflacionária."
Embora não haja sinais de pressão de preços, o Ministério da Fazenda avalia que a valorização das commodities a partir de junho contaminará os preços internos. Parte dessa influência vem sendo absorvida pelo câmbio valorizado, mas há uma parcela que influenciará os índices de preços nestes últimos meses de 2010.
Os cálculos levam em consideração o índice spot Commodity Research Bureau (CRB), que atingiu US$ 491,2 no mercado à vista, no mês passado. O CRB é um dos indicadores de referência global para o mercado de commodities.
O índice é calculado a partir de seis subíndices: CRB Metais, CRB Têxteis, CRB Matérias-Primas Industriais, CRB Alimentos, CRB Gorduras e Óleos e CRB Animais Vivos.
"O aumento da liquidez internacional e poucas alternativas de aplicações elevaram os preços das principais commodities, sendo que em setembro o índice atingiu valor superior ao ocorrido em 2008", destaca o boletim divulgado pelo Ministério da Fazenda. A indicação é que esse impacto foi parcialmente amortecido no país devido ao enfraquecimento do dólar.
No lado fiscal, o Ministério da Fazenda destaca que a dívida bruta voltará a cair em 2010 em um desempenho vinculado à atuação do Banco Central. "Em 2010, o Banco Central manteve a base monetária estável, ao reduzir as operações compromissadas e ao aumentar simultaneamente os depósitos compulsórios dos bancos", relata o boletim. Neste ano, a dívida bruta é estimada em 59,4% do Produto Interno Bruto, ante 62,8% do PIB no ano passado.
No crédito, o dado que chama a atenção é a ampliação do crédito direcionado, que passa de R$ 312 bilhões em 2008, e de R$ 417 bilhões em 2009, para R$ 541 bilhões em 2010, em um desempenho associado à ampliação dos financiamentos ofertados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para o ano, a indicação é que a relação crédito/PIB poderá atingir 48%.
Fonte: Valor Econômico