CNC divulga Boletim Conjuntural do Mercado de Cafe de Julho de 2014

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Boletim Conjuntural do Mercado de Café— Julho de 2014 —
– Mercado climático e aperto na oferta brasileira de café impulsionam cotações.


Durante a maior parte de julho, o mercado futuro do café arábica operou de forma retraída, com seus movimentos direcionados predominantemente pelos indicadores técnicos. A ausência de novidades do lado da oferta e as férias de verão no Hemisfério Norte, período em que a quantidade demandada de café diminui, pressionaram as cotações nas primeiras semanas do mês. Porém, no final de julho os preços reagiram de forma significativa, sob a influência do mercado climático e do retorno da atenção dos investidores para a menor produção brasileira de café nas safras 2014/15 e 2015/16.
Nos últimos dias do mês passado, as chuvas nas origens brasileiras tiveram impacto positivo sobre as cotações futuras do café arábica negociadas na ICE Futures US. Além de retardarem os trabalhos de colheita e aumentarem a preocupação quanto às perdas qualitativas da safra, também suscitaram especulações no mercado sobre a possibilidade de antecipação das floradas dos cafeeiros, o que comprometeria ainda mais a disponibilidade de café na temporada 2015/16.
Paralelamente, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou que o volume de café estocado pelo setor privado era de 15,22 milhões de sacas de 60 kg em 31 de março passado. Essa informação chamou a atenção dos investidores para a tendência de encolhimento do volume de café estocado no Brasil, diante da perspectiva de duas safras comprometidas pelo clima desfavorável para atender o consumo nacional superior a 20 milhões de sacas e exportações da ordem de 33 milhões de sacas.
O Conselho Nacional do Café prevê que a produção do País se aproxime dos 40 milhões de sacas em 2014, volume que deverá ser repetido em 2015. Até o final de julho, os números das cooperativas associadas indicavam que cerca de 60% da safra havia sido colhida, ficando evidente a necessidade de um maior volume de grãos para se encher uma saca de 60 kg.
O saldo líquido comprado dos fundos de investimento encerrou julho em nível inferior ao registrado em junho. Porém, apresentou tendência de crescimento no final do mês, impulsionando as cotações futuras do arábica. Em 29 de julho, a Commodity Futures Trading Comission (CTFC) informou que os fundos de investimento mantinham no mercado futuro e de opções da ICE Futures US um saldo líquido comprado de 37.845 contratos, ante os 39.054 contratos do final de junho.
Com isso, o vencimento setembro do Contrato C da bolsa nova-iorquina encerrou o mês a US$ 1,9505 por libra-peso, com alta acumulada de 1.995 pontos. O ganho observado na última semana de julho foi o maior dos últimos cinco meses e, no mês, a valorização atingiu 11,6%. A cotação média mensal, de US$ 1,73, foi 40% superior à do mesmo período de 2013.
Os estoques certificados de café da Bolsa de Nova York diminuíram 41,4 mil sacas, encerrando o mês em 2,46 milhões de sacas. Esse volume é 11% inferior ao registrado em julho de 2013, de 2,75 milhões de sacas.
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O mercado futuro do café robusta seguiu a tendência dos preços do arábica negociados na ICE Futures US, com significativa recuperação no final do mês. No acumulado de julho, as cotações do contrato 409 da Liffe, com vencimento em setembro de 2014, apresentaram valorização de US$ 88, alcançando US$ 2.104 por tonelada. O preço médio de julho, de US$ 2.029/t, foi 7,6% superior ao do mesmo período do ano passado. No decorrer do mês, o spread setembro/novembro permaneceu invertido, com o primeiro mais valorizado do que o último, sinalizando restrição de oferta no curto prazo.
Com o incremento mais acentuado das cotações do arábica, a arbitragem entre as Bolsas de Londres e Nova York apresentou tendência de alargamento, aproximando-se de US$ 1 por libra-peso no final do mês, em relação aos US$ 0,8 registrados no último dia de junho.
Os estoques certificados monitorados pela Liffe mantiveram a tendência de recomposição de volumes, atingindo 1,28 milhão de sacas no final do mês, ante 1,12 milhão de sacas registradas nos últimos dias de junho. Mesmo assim, os estoques se encontram em patamar 22% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado.
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Acompanhando a tendência internacional, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon encerraram julho com valorização de 7,9% e 6,1%, respectivamente, cotados a R$ 431,89/sc e R$ 251,90/sc. A instituição informou que, mesmo com os preços mais altos, parte dos vendedores manteve-se retraída e os negócios não apresentaram grande evolução.
No mercado cambial, o dólar valorizou-se em relação ao real. A moeda norte-americana encerrou julho a R$ 2,2699, com alta acumulada de 2,7%. Essa ascensão reflete o clima de otimismo em relação à recuperação da economia dos Estados Unidos, que cresceu 4% no segundo trimestre de 2014. Diante do cenário econômico positivo, o Banco Central norte-americano anunciou mais um corte de US$ 10 bilhões em seu programa de compras mensais de títulos, que cairá dos atuais US$ 35 bilhões para US$ 25 bilhões. Tal decisão sinaliza aos investidores restrição da oferta de dólares no mercado. Outros fatores que contribuíram para a tendência de alta da moeda norte-americana foram a crise da dívida da Argentina, cujas negociações com os fundos credores fracassaram, e também a atuação diária do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio.
Em relação à política cafeeira, em julho, o Governo Federal repassou R$ 2,392 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira aos agentes que manifestaram interesse e firmaram contratos para operar com recursos do Funcafé na safra 2014. Do montante transferido, R$ 969 milhões foram para a linha de Estocagem, R$ 609 milhões para Custeio e R$ 529 milhões para Aquisição de Café (FAC). O volume total que o Fundo disponibilizará neste ano é de R$ 3,825 bilhões. O percentual de cada linha repassada aos agentes financeiros até o final do mês passado pode ser observada no gráfico abaixo. (Obs: esses valores foram atualizados ontem, com o montante total autorizado para repasse chegando a R$ 2,796 bilhões).
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Também em julho, dois normativos de interesse para a cafeicultura brasileira foram publicados, conforme se pode observar no quadro abaixo.
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* Material elaborado pela assessoria técnica do CNC.


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