CNC divulga balanço semanal do mercado de café

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Na análise da semana passada, expressamos nossa preocupação com o baixo volume de estoques de café no mercado internacional e alertamos que as posições vendidas dos fundos poderiam provocar uma alta quando estes acionassem suas recompras. Foi o que ocorreu na terça feira – dia 27/03 –, quando o contrato “C” da Bolsa de NY subiu 855 pontos.

Um dos motivos atribuídos para o movimento de recompra neste dia foi a notícia da entrada de um frio intenso no Sul do País, que, embora não chegasse às regiões produtoras, foi suficiente para gerar insegurança nos agentes que estavam vendidos. Seguiu-se uma realização forte nas duas sessões seguintes, que levou o café para a menor cotação da semana, a 176,45 centavos por libra peso (no dia 29, quando o dólar chegou a ser negociado próximo a R$1,84). Já nesta sexta-feira, houve uma recuperação, fechando a 182,45 centavos. Entre a cotação mínima e a máxima apuradas na semana, observamos uma variação de aproximadamente 1.200 pontos, com a bolsa de NY registrando uma valorização de 370 pontos no acumulado da semana, equivalente a 2%.

Altas volatilidades são frequentes no mercado de café e prejudicam muito os produtores, à medida que estes movimentos dificultam o acesso a mecanismos de gestão de risco. Um produtor, ao fixar a venda futura de parte de sua produção, fica com uma administração financeira complexa devido às bruscas oscilações.

Com os estoques de café nos níveis mais baixos da história desde que a Organização Internacional do Café (OIC) passou a fazer a coleta destes dados, na década de 1960, e com a proximidade da entrada do inverno brasileiro, torna-se de altíssimo risco a adoção de posições vendidas no mercado. Os fundos, ao tomarem este tipo de posição, vendem algo que não tem e correm o risco de pagar bem mais para comprar um produto escasso no mercado ao final da entressafra brasileira. Ao voltarem a aumentar suas posições vendidas na quarta e na quinta-feira, estes agentes de mercado deram uma primeira amostra de quão alta poderá ser a volatilidade dos preços na entrada do inverno brasileiro. O conhecido “weather market” poderá oferecer boas oportunidades de venda para os produtores que ainda tem café remanescente da safra 2011, da qual mais de 90% já foram comercializados.
 
Por fim, acreditamos que, caso a safra brasileira ultrapasse a barreira dos 50 milhões de sacas, será positivo para o mercado, pois poderemos evitar o desabastecimento. Os produtores brasileiros não devem temer a entrada da safra, já que não estarão carregando cafés remanescentes e, em sua maioria, terão, ao contrário de anos anteriores, recursos suficientes para fazer a colheita sem precisar se apressar para o início da comercialização.

Com um escoamento ordenado da produção, os produtores não devem se deixar levar por pressões de baixa naturais do início das safras de ciclo maior dentro da bienalidade.

Atenciosamente,

Silas Brasileiro
Presidente Executivo CNC

Fonte: CNC

Confira a entrevista do Presidente do CNC para o Programa Mercado & Cia em 29/03/2012

 

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