CNA sugere preço mínimo para o café de montanha

Imprimir

Os custos elevados da produção de café nas regiões de montanhas, principalmente em Minas Gerais que é o maior produtor do grão, aliado aos baixos preços praticados no mercado tem despertado a atenção dos representantes dos cafeicultores que estão requerendo junto ao governo medidas diferenciadas para esta produção. O objetivo é criar políticas para que a produção nas montanhas se torne viável e lucrativa.

De acordo com a assessora técnica da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Natália Fernandes, a criação de políticas diferenciadas para a cafeicultura de montanha é fundamental para a continuidade da atividade. O café, considerado de montanhas, é cultivado em lavouras com declividade acima de 25%.

"O cenário atual é desfavorável para toda a cafeicultura uma vez que os preços estão abaixo dos custos de produção. A situação das regiões montanhas é ainda mais grave, já que o relevo impede a mecanização da cultura obrigando os cafeicultores a investirem na contratação de mão de obra, que além de escassa é muito onerosa e retira a competitividade do grão no mercado. A conseqüência é o aumento de endividamento dos cafeicultores e, em casos mais agraves, o abandono da atividade", diz.

Entre as questões que serão discutidas com o governo estão a diferenciação dos preços mínimos das regiões montanhosas em relação à produção mecanizada, o maior apoio e incentivo à inovação tecnológica, a mecanização dos cafezais, a erradicação de cafezais improdutivos, a redução dos custos de mão de obra na cafeicultura de montanha, com a desoneração da folha de pagamento.

Preço mínimo – Segundo Natália, uma das principais questões que serão discutidas com o governo é a diferenciação dos preços mínimos. Para se ter uma ideia, o custo de produção de uma saca de 60 quilos em regiões montanhosas fica em média a R$ 350, enquanto nas áreas mecanizadas o valor para produzir o mesmo volume é de R$ 290.

"O custo das regiões montanhosas é muito superior ao registrado nas áreas onde é possível introduzir a mecanização. Por isso, é necessário que no estabelecimento do preço seja feita a diferenciação. Enquanto o valor mínimo definido pelo governo, R$ 307, é suficiente para gerar lucro nas regiões mecanizadas nas áreas montanhosas não cobre nem os custos de produção", avalia.

Outro ponto importante e considerado fundamental para a viabilização da atividade é o investimento na criação de máquinas capazes de atuar em áreas montanhosas. No país a ideia é desenvolver o projeto em parcerias com universidades e entidades ligadas ao setor de bens de capitais, como a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

"A tecnologia para mecanizar lavouras em áreas montanhosas já existe no mundo, o que precisamos são de pesquisas que adaptem estas tecnologias disponíveis à cultura do café", ressalta.

O estudo propõe também a renovação de cafezais em áreas de montanha a partir da liberação de linhas de crédito e investimento exclusivas para a região com juros de 2% ao ano e outros dez anos de prazo para pagamento, além de um período de quatro anos de carência.

O projeto também sugere a criação de bônus para produtores que queiram desistir da atividade. "Esse recurso seria empregado na quitação das dívidas para que o cafeicultor saísse com dignidade do setor e pudesse investir em outra área", argumenta.

MICHELLE VALVERDE

Diário do Comércio

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *