CMN deve aprovar esta semana um novo preço mínimo para o café

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O Conselho Monetário Nacional (CMN) vota, esta semana, o preço mínimo de garantia para o café. A proposta defendida por cafeicultores é que o valor da saca de 60 Kg do arábica saia dos atuais R$ 261,69 para R$ 340, que equivale ao custo de produção, avaliado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Técnicos dos ministérios da Fazenda e da Agricultura se encontram ontem para fechar o valor a ser encaminhado aos ministros que integram o CMN na reunião marcada para quinta-feira (25). O ministro da Agricultura Antônio Andrade, mineiro, já defendeu publicamente os R$ 340. Mas, segundo fontes ouvidas pelo BRASIL ECONÔMICO, o ministério da Fazenda tende a recomendar um valor inferior. A decisão sairá da votação dos membros do Conselho, composto pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Miriam Belchior, e do Banco Central, Alexandre Tombini.

O preço do café arábica vem caindo desde o ano passado, provocado por fatores externos e internos.

No mercado internacional, a demanda vem diminuindo, com países compradores optando pelo café robusta, mais barato.

No mercado interno, há previsão da safra recorde que, segundo a Conab, pode ultrapassar os 50 milhões de sacas.

O preço da saca está hoje em torno de R$ 270, contra os R$ 450 que chegou a atingir no ano passado. "Estamos vivendo uma crise séria. O mercado (comprador) possui uma rede de proteção que vem impedindo a elevação do preço de referência", disse Carlos Paulino (foto: Ruy Baron/Valor), membro do Conselho Nacional do Café (CNC) e presidente da Cooxupé, a maior cooperativa de Café do país. O valor do preço mínimo está congelado desde 2009 e, segundo Paulino, "existe uma oligarquia composta por 8 ou 10 compradores, que influencia na decisão do governo". "Há uma força oculta impedindo a solução para este problema, e prejudicando o pequeno produtor", disse.

Paulino lembra que os dados do CNC revelam o impacto da queda do preço sobre exportações. Enquanto as exportações totais de café no primeiro trimestre de 2013 totalizaram 7,2 milhões de sacas, com alta de 9,76% sobre o mesmo período de 2012, quando foram vendidas 6,6 milhões de sacas pelo Brasil ao exterior, o valor em dólares destas exportações caiu 18,83%, de US$ 1,727 bilhão para US$ 1,402 bilhão.

Além disso, as estimativas de baixos preços do arábica levarão a uma perda de R$ 8,13 bilhões no Valor Bruto da Produção (VBP), segundo dados do Ministério da Agricultura. O VBP do café, que indica a renda da propriedade rural a partir dos preços recebidos pelos produtores, deverá atingir R$ 17,1 bilhões em 2013, contra R$ 25,2 bilhões em 2012.

Caso esta previsão se confirme, o café será rebaixado da quarta para a quinta posição no ranking das culturas que geram mais renda no Brasil, sendo ultrapassado pela citricultura.

Preocupados com a decisão sobre os votos, sindicatos de produtores de todo se reuniram no sábado, em Guaxupé (MG), com a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD/TO), para pedir pressão sobre Brasília.

"Por enquanto, o que queremos é a ampliação do preço mínimo. É o ponto de partida para o setor se recuperar da crise. Após essa decisão ainda deveremos cobrar do governo políticas públicas para incrementar o café", afirmou Carlos Paulino.

Fonte: Brasil Econômico

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