Clima pode comprometer renovação dos cafezais

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O clima quente e seco nas regiões produtoras de café contribuiu para elevar a qualidade dos grãos colhidos até agora, mas pode atrapalhar o desenvolvimento das próximas floradas da cultura. As chuvas que eram esperadas para a segunda quinzena de setembro só devem começar a ocorrer a partir da segunda metade de outubro.

As áreas mais prejudicadas pela estiagem e pelo clima quente são as regiões de Cerrado, especialmente aquelas em que os cafezais estão em fase de formação, com até dois anos de vida. "Se não chover em até 10 dias, o parque cafeeiro em renovação pode não produzir. A situação é crítica e muitos ramos dessas árvores já morreram", afirmou Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.

Segundo o pesquisador, as regiões em renovação representam entre 5% e 10% da área cultivada com café. Mesmo os pés mais antigos e que já se encontram em produção no Cerrado não estão livres dos efeitos climáticos adversos. Ele explicou que os cafezais mais velhos têm uma tolerância maior, porém, dependem da água para recompor a parte vegetativa (folhas), mas também de uma temperatura mais amena. "As flores não se fixam quando as temperaturas médias superam 21°. Mesmo as áreas irrigadas, precisam de temperaturas um pouco mais baixas, o que pode comprometer a primeira florada também nessa região", afirmou o pesquisador.

Nas áreas montanhosas, como no sul de Minas Gerais, os efeitos do clima seco podem demorar um pouco mais a chegar. Com temperaturas mais baixas por conta da altitude e uma maior área de sombra, o potencial produtivo dos cafeeiros é um pouco maior. Para Vegro, no entanto, caso não chova até outubro, a situação passa a ser preocupante também nos cafezais dessa região.

"Deveríamos ter uma primeira florada no fim de setembro, mas ela pode atrasar se não chover. O clima ainda está muito quente e a umidade relativa bastante baixa", disse Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé).

A previsão para a principal região produtora de café do Brasil é que as chuvas comecem a partir de 15 de setembro, segundo estimativas da Somar Meteorologia. "As chuvas não serão uniformes e acontecerão de forma pontual. Ainda assim, o que determinará uma possível queda na produtividade das plantas será o estado nutricional desses cafezais no momento que a florada acontecer", disse Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar.

Fonte: CNC

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