Clima afeta oferta de café conilon especial no Espírito Santo

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Devido à quebra da safra este ano no Espírito Santo, o volume de café conilon (robusta) "especial" entregue à Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana (Coopeavi) não aumentará, como era a expectativa, e será o mesmo de 2012, de acordo com João Elvidio Galimberti, gerente de mercado do grupo.

Com sede em Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo, a Coopeavi recebe o maior volume de conilon especial produzido no Estado. Conilon ou arábica, o café é considerado especial quando segue protocolos de qualidade como cuidados no pós-colheita

Este ano, a cooperativa voltou a receber 15 mil sacas do produto, mas as projeções iniciais indicavam que o volume chegasse a 20 mil sacas, conforme Galimberti. A Coopeavi começou a trabalhar com conilon especial em 2011. Naquele ano, foram 8 mil sacas.

Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), de setembro, a produção de café conilon no Espírito Santo nesta temporada 2013/14 caiu 15,46% em relação a 2012/13, para 8,2 milhões de sacas. No total, a colheita no Estado deverá somar 11,7 milhões de sacas, queda de 6,44% sobre o ciclo anterior. Esse volume inclui cafés conilon e arábica, especiais ou não. O Espírito Santo é o maior produtor de conilon do país.

O menor volume produzido de conilon como um todo, principalmente no norte capixaba, é reflexo das chuvas intensas durante o florescimento das lavouras e de uma estiagem com altas temperaturas na fase de enchimento de grãos.

Além do clima, houve problemas com falta de mão de obra, afirma Galimberti. O gerente também diz que a atual crise dos preços baixos do arábica, que é mais valorizado no mercado, pode prejudicar o mercado de conilon especial. Isso porque motiva uma nova substituição do robusta pelo arábica nos blends do café torrado e moído.

O conilon especial custa entre 5% e 10% mais que o produto de padrão médio (bica corrida 7/8), hoje negociado por volta de R$ 230 a saca de 60 quilos. Já o conilon cereja descascado tem preço de 10% a 20% superior que o produto médio, diz Galimberti. Portanto, a cotação do conilon especial pode ser menor que um arábica de boa qualidade, que custa de R$ 250 a R$ 275 por saca.

Galimberti diz que, apesar dos contratempos do mercado, a cooperativa poderá receber 30 mil sacas do produto no ano que vem. A maior parte é exportada, principalmente para Rússia e Alemanha. A cooperativa está em negociações com uma multinacional para uma parceria que visa ao fornecimento do conilon especial para indústrias no Brasil.

A Coopeavi tem 8 mil cooperados. Cerca de 5,6 mil são cafeicultores. E metade do faturamento da cooperativa -previsto em R$ 230 milhões neste ano, 23,7% mais que em 2012 – vem de negócios com café, que incluem insumos, maquinário e comercialização. A Coopeavi deverá receber este ano 320 mil sacas de café (arábica e conilon), um aumento de 77,8% sobre ano passado. Do total, 25 mil sacas foram exportadas em 2013, ante 8,8 mil sacas em 2012.

"A saída para o conilon é a exportação. Precisamos reduzir custos para sermos mais competitivos", disse Galimberti. Mas a cooperativa consegue oferecer seu conilon cereja descascado por preços 35% menores que os da Índia, grande fornecedora global de robusta de qualidade.

A cooperativa está investindo R$ 1 milhão para a abertura de novas lojas (filiais) e R$ 10 milhões em uma nova fábrica de ração em Baixo Guandu (ES), com capacidade para produzir 3,5 mil toneladas por mês.

Fonte: Valor Econômico

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