Chuva na Colômbia piora perspectiva para oferta de café arábica

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O mercado de café gourmet não consegue um respiro.

Já havia previsão de déficit de grãos arábica no mercado global este ano devido ao clima seco no Brasil, o maior produtor. Então, obstáculos logísticos afetaram a oferta. Agora, fortes chuvas ameaçam cafezais da Colômbia, o segundo maior produtor. Tudo aponta para o aumento dos custos para redes de cafeterias como Starbucks.

“Devido às condições de oferta, o mercado está vulnerável a um rali”, disse Hernando de la Roche, vice-presidente sênior da StoneX Financial, em Miami.

A perspectiva de falta de café coincide com a expectativa de recuperação do consumo com a flexibilização das restrições da Covid-19 e vacinações, que incentivam gastos em cafeterias e restaurantes. As limitações no mercado de café arábica mostram o que tem impulsionado parte da inflação de alimentos.

Por enquanto, torrefadoras recorrem aos estoques em vez de aumentar os preços, mas a situação na América do Sul deixa o mercado sem margem para erros antes da próxima temporada de geadas no Brasil, quando o frio intenso entre junho e agosto pode ameaçar as plantações. O déficit global de café pode chegar a 10,7 milhões de sacas, segundo a Marex Spectron.

Os futuros em Nova York acumulam alta de 22% desde o fim de outubro. Os prêmios do café colombiano no mercado à vista estão próximos do maior nível em uma década, em parte puxados pela oferta escassa na América Central.

Os preços podem subir rapidamente com mais problemas de abastecimento, porque traders comerciais, como exportadores e torrefadoras, mantêm grandes posições vendidas e podem precisar sair dessas apostas, disse de la Roche.

Chuvas ‘virulentas’

O evento climático La Niña trouxe chuvas com o triplo da média em regiões de cultivo na Colômbia nos últimos dois meses, e o clima será igualmente chuvoso pelo menos nas próximas duas semanas, de acordo com Donald Keeney, meteorologista sênior da Maxar Technologies.

A “cauda do La Niña foi virulenta”, disse Roberto Vélez, presidente da Federação Nacional dos Cafeicultores, em entrevista por telefone de Bogotá.

Uma das maiores ameaças das chuvas é a ferrugem das folhas, um fungo que já causou bilhões de dólares em perdas para produtores, disse Vélez. Cerca de 15% das plantações do país são variedades suscetíveis à doença.

A produção de arábica da Colômbia cairá cerca de 500 mil sacas no primeiro semestre em relação ao ano anterior, para 6 milhões de sacas, e o segundo semestre dependerá de como será a safra principal, disse Vélez.

Fonte: Bloomberg