Chuva impactou pouco os preços

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Por Rodrigo Costa*

rodrigo-costa-analista-de-mercadoA Comissão Europeia revisou a estimativa de crescimento da zona do Euro em 2019 de 1.9% para 1.3%, ajustando para baixo ainda mais severamente do que o FMI o aumento do PIB dos três principais países da região, a Alemanha, a França e a Itália.

Citando incertezas no desfecho do Brexit e também da guerra-comercial entre os Estados Unidos e a China, a entidade alerta para o risco de uma deterioração aguda da atividade econômica da Comunidade Europeia e mundial.

As bolsas de ações sentiram o baque e responderam com uma queda acentuada na quinta-feira, suspendendo, ao menos temporariamente, a recuperação impressionante do ano.

Com os Estados Unidos tendo um prognóstico mais promissor comparando com os demais mercados, o índice do dólar teve uma apreciação de 1.3% nos últimos cinco dias, pressionando as commodities.

O café em Nova Iorque também escorregou, bastante correlacionado com o Real voltando a R$ 3.73. Os agentes têm focado em rolar suas posições antes do começo do período de entrega do contrato de março – causando um ajuste entre o segundo e o primeiro mês de vencimento.

As chuvas voltaram ao sudeste brasileiro atingindo a maior parte do cinturão de café em volumes significativos, precisando agora ser constantes e ter mais abrangência no Espirito Santo e na Bahia.

O terminal não estava dando tanta atenção para as precipitações como pudemos notar no suporte encontrado pelo arábica da ICE, que só veio perder força frente a uma liquidação maior em commodities como um todo.

Este sinal é importante para imaginarmos que as cotações possam se manter acima de US$ 100.00 centavos por libra, ou respeitar as mínimas – salvo uma desvalorização maior do Real.

Os preços pagos aos produtores de cafés naturais e suaves nos atuais patamares desmotivam o trato-pleno, ao menos esta percepção tem sido transpirada pelas agencias de notícias, que também mencionam um custo de produção menor apenas para o Brasil.

Isto não significa que o montante recebido nas fazendas esteja em níveis satisfatórios, longe disto, e, portanto, quanto mais tempo o contrato “C” se manter próximo de US$ 1 mais vai forçando uma diminuição de supostos superávits futuros.

A ABIC revisou sua metodologia de cálculo do consumo doméstico brasileiro, ajustando para 21 milhões de sacas o total utilizado internamente. A entidade apontou um crescimento de 4.8% no consumo entre novembro de 2017 e outubro de 2018 – saudável para o mercado, ainda que o número não seja consensual.

Novos “rallies’ da safra tem acontecido para acompanhar o quadro do cafezal e o impacto negativo sofrido com as temperaturas elevadas em janeiro. A princípio não se espera um grande ajuste, mas de pouco em pouco o déficit corrente pode ficar ligeiramente maior.

O tom do comentário não deve ser lido como altista, mas sim cauteloso para aqueles que continuam muito baixistas. Os pontos mencionados demonstram o quadro delicado para o longo-prazo, mas no curto-prazo é necessário enxugar a disponibilidade corrente – mesmo que à diferenciais de torcer o nariz dos compradores.

Os fundos nos últimos COTs divulgados estavam no dia 8 de janeiro com 62,435 lotes vendidos, tendo NY fechado a 105.05 naquele dia. Considerando os movimentos desde então assim como o comportamento do mercado, eu estimo que suas posições estejam ao redor de 67 mil lotes vendidos – não muito diferente.

Tecnicamente nada atrai apostas grandes enquanto março ficar entre US$ 100.70 e US$ 106.90 centavos por libra – base março.

Uma ótima semana e bons negócios a todos.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda

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