Cepea: café arábica sobe, retoma patamar de out/18 e eleva liquidez

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Os preços do café arábica avançaram fortemente na semana passada no Brasil, atraindo vendedores ao mercado e aumentando a liquidez interna. A alta esteve atrelada à valorização do dólar frente ao Real e à recuperação dos futuros da variedade, além da maior demanda, especialmente para cafés de qualidade superior.

Entre segunda e sexta-feira passadas (de 4 a 8/11), o Indicador CEPEA/ESALQ do café tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, registrou alta de 37,76 Reais por saca de 60 kg (8,6%), fechando a R$ 474,27/sc, o maior valor desde 18 de outubro de 2018, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de set/19).

Para os cafés com maior peneira e menor catação (finíssimos), foram fechados negócios em valores ainda mais elevados, variando de R$ 470 a R$ 500/sc, segundo agentes consultados pelo Cepea. A alta dos preços não permitiu negociações apenas no físico, mas também no mercado futuro, com negócios para 2020 fechando em patamares próximos dos R$ 500/sc.

Quanto ao cenário externo, os ganhos da semana passada estiveram atrelados a fatores técnicos – recompra de contratos e alta geral de outras commodities – e às projeções de déficit de oferta do grão para 2020. Segundo informações da Euromonitor e do Rabobank, o consumo de café deve seguir em alta nos próximos anos, com destaque para o crescimento na China e no Brasil. O País segue na liderança de consumo da bebida, com previsão de aumento de 1,2 milhão de sacas na demanda em 2019, avanço de 2,5% frente a 2018.

Do lado da oferta, além da bienalidade negativa nos cafezais de arábica no Brasil na atual temporada 2019/20, outras regiões, como a América Central, devem ter quebra de produção, segundo estimativas do Rabobank divulgadas no 27º Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que ocorreu no início deste mês. Neste cenário, o banco projeta recuo de 4,2 milhões na produção mundial no próximo ano. Além do Rabobank, a OIC (Organização Internacional do Café) também divulgou estimativa de déficit de 500 mil sacas no ano-safra de 2019/20, o que colaborou para o impulso externo.

Assim, na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato Dezembro/19 acumulou alta de 580 pontos de 4 a 8 de novembro, fechando a 109,45 centavos de dólar por libra-peso na sexta-feira, maior valor para o contrato desde o final de julho.

Já nessa segunda-feira, 11, as cotações externas e internas do arábica voltaram a recuar. Ainda assim, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica fechou a R$ 464,62/sc, forte elevação de 6,4% de 4 a 11 de novembro. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), o contrato Março/20, agora o de maior liquidez, fechou a 109,45 centavos de dólar por libra-peso na segunda, avanço de 2% no mesmo comparativo. O dólar finalizou a R$ 4,137, valorização de 3,2% em sete dias.

ROBUSTA – O mercado do robusta também foi marcado por altas nos preços nos últimos dias, ainda que de forma menos expressiva que o arábica. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 fechou a segunda-feira, 11, a R$ 304,05/sc de 60 kg (maior patamar real desde março deste ano – valores deflacionados pelo IGP-DI de set/19) elevação de 4,7% em relação à segunda anterior, 4. O tipo 7/8 bica corrida foi de R$ 295,03/sc, 4,8% superior no mesmo período – ambos a retirar no Espírito Santo.

Os valores foram impulsionados especialmente pela alta do dólar em parte da semana e pela elevação dos futuros da variedade. No front externo, apesar de a colheita da safra 2019/20 no Vietnã já estar em andamento, agências internacionais de notícias apontam que as fortes chuvas no país asiático podem atrasar as atividades e reduzir o volume disponível no mercado nas próximas semanas.

CLIMA – Com o desenvolvimento da safra 2020/21, o clima segue no radar de agentes. Nos últimos dias, chuvas foram observadas em praticamente todas as regiões de arábica, porém, ainda têm ocorrido de forma irregular. Nas regiões de robusta, enquanto em Rondônia o clima segue favorável, no Espírito Santo, as precipitações têm sido escassas e as temperaturas estão elevadas, preocupando colaboradores.

Para agentes consultados pelo Cepea, a possibilidade de impactos negativos do clima na produção não foi descartada, especialmente após as altas temperaturas e a baixa umidade até outubro, ainda que seja cedo para quaisquer estimativas quanto à safra 2020/21. Muitos agentes também se preocupam quanto à continuidade e ao volume adequado das chuvas nos próximos meses. Segundo a Climatempo, as condições até dezembro ainda podem ser de chuvas abaixo da média e altas temperaturas.

Análise do mercado cafeeiro elaborada pela Equipe Café CEPEA/ESALQ.
Equipe: Dra. Margarete Boteon, Laleska Moda, Renato Garcia Ribeiro e Fernanda Geraldini.

Fonte: Agência Estado

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