Cenário é de escassez de café para as indústrias

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O preço do café verde – principal matéria-prima das indústrias – deve manter a tendência altista no decorrer de 2012, principalmente no primeiro trimestre.  A previsão é da ABIC – Associação Brasileira da Indústria do Café, com base no atual cenário, marcado pela baixa disponibilidade de arábicas no mundo, pelos baixos estoques mundiais, pela demanda crescente apesar da crise econômica, e pelos estoques brasileiros muito baixos no período anterior à colheita. “O volume comercializado também se reduziu porque muitos detentores de estoques de café estão segurando sua venda, prevendo preços melhores nos próximos meses”, diz Américo Sato, presidente da ABIC, alertando que essa conjuntura afeta os resultados e a produção das indústrias.

De Janeiro a Novembro deste ano, os preços do café conilon aumentaram 38,5%, em média, chegando ao nível de R$ 300,00/saca nesta semana.  Além da forte demanda interna por este tipo de café, a exportação brasileira de conilon foi retomada em virtude dos preços altos do café arábica no mundo, o que provocou a alta mais acentuada.

No caso dos cafés arábicas mais utilizados pela indústria, o aumento no mesmo período foi de 33,5%, com a saca custando R$ 320,00. Para os cafés de melhor qualidade (Tipo 6, fino) o aumento também foi significativo, alcançando 30%, com a cotação da saca atual a R$ 545,00. “Portanto, a matéria- prima, em média, se elevou 35% desde Janeiro”, ressalta Américo Sato.

Por outro lado, os preços do café nas prateleiras ainda encontram-se muito defasado e bem abaixo do que deveria, em função dos aumentos da matéria-prima.  De Janeiro a Novembro/2011, os preços dos cafés tradicionais, nas grandes cidades, aumentaram na média 15%, atingindo R$ 12,81/kg na Grande São Paulo. Pesquisas mostram que no Brasil, os preços médios subiram somente 9%.  A defasagem, portanto, é superior a 20%.

“Esses níveis atuais não cobrem sequer o aumento da saca do grão, e as indústrias precisam realinhar seus preços com a maior brevidade possível, de modo a evitar colapso de abastecimento regular”, alerta o presidente da ABIC. O consumo de café no Brasil é o segundo maior do mundo, atingindo 19,1 milhões de sacas em 2010, o que representou 40% da safra brasileira. Os consumidores têm à sua disposição cafés de todas as qualidades, diferenciados ou tradicionais, certificados e de alta qualidade. “O crescimento da classe C e dos gastos com alimentação no lar e fora do lar têm impulsionado o consumo de cafés de melhor qualidade, e a ABIC e as indústrias brasileiras têm preocupação em oferecer a qualidade que o consumidor exige e deseja, o que não pode ser feito se os preços praticados não remunerarem todos os custos e, principalmente, a aquisição de boas matérias-primas”.

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