Cafés especiais e queijos artesanais destacam qualidade da produção familiar

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A produção agropecuária voltada para artigos de qualidade superior, como os cafés especiais, alcança a cada ano melhores índices de produtividade e consumo. Segundo dados da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), a produção desse segmento de cafés quase duplicou nos últimos anos, passando de 5,2 milhões de sacas em 2015 para 9,4 milhões em 2018. O Brasil já ocupa o posto de maior fornecedor de cafés especiais do mundo, com 9,15 milhões de toneladas colhidas.

A agricultura familiar, especialmente a desenvolvida no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, se consolida como uma das principais responsáveis por esse crescimento numérico e também da qualidade, presente em todas as etapas do cultivo. Essa é a análise realizada pela equipe da Expedição Agricultura Familiar, que em outubro percorreu os estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás. “O manejo tecnicamente bem-feito está entre as principais características nesses estados. Mesmo feito de forma artesanal e com poucas pessoas envolvidas no processo, o cuidado com as questões sanitárias e qualidade dos produtos é muito alto entre essas famílias de produtores”, ressalta o jornalista João Maroni, da Expedição Agricultura Familiar.

Exemplo disso é o trabalho desenvolvido por famílias do estado de Goiás, com destaque para a produção de leite e fruticultura. “Visitamos produtores que estão investindo em mecanização e melhoria das instalações para ampliar a produção de leite. No cerrado goiano, famílias estão plantando frutas como manga, uva, goiaba, além de verduras e legumes. Mesmo enfrentando o clima seco da região, eles estão conseguindo produzir com alta qualidade”, conta Maroni.

A Expedição ainda mostra que a rota do café, especialmente na região do Parque Nacional do Caparaó (ES), não está restrita à produção agrícola. Como explica Maroni, a produção de cafés especiais está impulsionando a cadeia do turismo rural e gastronômico na região, contribuindo para a maior participação das mulheres e filhos em novos modelos de negócio. “Encontramos muitos filhos de cafeicultores estudando idiomas ou fazendo cursos de barista, por exemplo, pensando nas oportunidades turísticas”. Em Afonso Cláudio, Espírito Santo, mulheres cafeicultoras se uniram em uma associação e, produzindo cafés de qualidade superior, melhoram a renda. Especialistas em cafés especiais, elas sabem orientar compradores e visitantes sobre a qualidade do café produzido, agregando valor às atividades desenvolvidas nas propriedades.

Produtos regionais

A tendência de especialização também chegou à produção de laticínios, com foco na fabricação regionalizada. Destaque na produção nacional de queijos artesanais, as regiões de Araxá e Uberlândia (MG) contam com 9.445 produtores de queijos artesanais, com volume de 29 mil toneladas por ano, segundo dados levantados no ano passado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-MG).

Os produtores buscam, na identificação regional, formas de diferenciar seus produtos, aumentando seu valor de mercado, como ressalta Maroni. “A regionalização, para essas famílias, é essencial. A produção reconhecida pela região, como no caso dos queijos mineiros, agrega valor de venda e de comercialização, o que contribui para a renda das famílias”, explica.

Próximos roteiros

Terminadas as visitas às cidades de Dores do Rio Preto e Afonso Cláudio (ES), Manhuaçu, Araxá e Uberlândia (MG) e Luiziânia, Formosa e Goiânia (GO), a Expedição segue para sua terceira fase. A equipe da Expedição Agricultura Familiar vai aos estados de Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Bahia e Pará. Ao todo, a Expedição passa por 13 estados e percorre mais de 30 mil quilômetros.

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Sobre a Expedição

A Expedição Agricultura Familiar, em sua segunda edição, é desenvolvida pelo Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo (AgroGP) e pretende fornecer um diagnóstico nacional sobre o setor. O projeto conta com a parceria e apoio do Sistema Confea/Crea (Conselho Federal e Regionais de Engenharia e Agronomia), do Sicredi, da Fetaep (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná) e da FAO/ONU (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação).

Fonte: Centro de Comunicação

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