Cafeicultores sofrem com maior ataque da broca nos últimos 10 anos no Sul de Minas

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Cafeicultores do Sul de Minas sofrem com o maior ataque de broca dos últimos 10 anos. Segundo os especialistas, a praga está espalhada pelos cafezais de toda a região. A falta de um produto eficaz contra a doença prejudica o combate. O café atingido pela broca perde até 30% do valor no mercado.

A broca-do-café é um pequeno besouro cientificamente chamado de “Hypothenemus Hampei”, que tem aproximadamente um milímetro de comprimento. O inseto perfura o grão do café geralmente pela parte de cima, a chamada coroa. Lá dentro, ele coloca os ovos, que depois se transformam em larvas. Elas se alimentam da parte interna do café, fazendo com que o grão perca qualidade.

Dos quase 14 mil cooperados da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), 16% estão com problemas. Em 2007, apenas 2% dos grãos que entraram na cooperativa estavam danificados. Neste ano o número triplicou, o que corresponde a mais de 110 mil sacas afetadas. O presidente do Centro do Comércio do Café de Minas Gerais garante que a praga está presente em toda a região.

“Realmente se tiver um café com uma infestação muito alta de grãos brocados, o exportador está deixando de comprar esse café justamente porque na quebra do maquinário há muito desperdício, então as empresas estão selecionando os cafés com menos broca”, disse o presidente do Centro do Comércio do Café, Archimedes Coli Neto.

Uma das explicações para esse aumento é que desde 2013 o governo proibiu o uso de defensivos à base de Endosulfan, até então os mais eficientes no combate, e bem mais baratos que os atuais agrotóxicos disponíveis no mercado. Os reflexos surgiram agora.

“Existem alguns produtos para ser liberados mas até o presente momento, nenhum com eficácia comprovada mesmo”, completou o presidente do Centro de Comércio do Café.

Além de reduzir a produção, o inseto também prejudica a qualidade da bebida. A quantidade de grãos brocados, que foram atacados pelo inseto, impressionaram produtores.

“A perda é grande né, faz diferença no bolso”, disse o cafeicultor José Luiz Vilas Boas.

Uma das maneiras de se combater a broca-do-café, é evitar o que os especialistas chamam de colheita mal feita, ou seja, após a colheita e, mesmo após a varrição dos grãos que caíram, o cafeicultor precisa evitar que grãos continuem no pé ou mesmo no chão. Pois se esses grãos estiverem com a broca-do-café, significa que a praga vai continuar na lavoura e no ano que vem, na próxima safra, esses pés provavelmente serão atacados novamente.

“Os grãos que ficam na planta e posteriormente caem no chão, esses grãos vão servir de abrigo para a broca, para a safra vindoura, ela sai desses grãos e pegam os novos grãos que estão vindo, que estão na planta”, explica o engenheiro agrônomo da Emater, João Inácio Silva Citton.

Outra maneira de impedir o avanço da praga é aplicar os defensivos na época em que o besouro já saiu dos grãos, mas ainda não nasceram os novos grãos da próxima safra.

“Dezembro a janeiro é o período que ela está saindo do abrigo, dos grãos remanescentes, e procurando novos frutos para ela fazer ovoposição para perpetuação da espécie dela”, completou o engenheiro.

Segundo os especialistas, a chuva fora de época, em abril, também pode ter contribuído para a reprodução da broca.

Fonte: G1 Sul de Minas e EPTV Sul de Minas

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