Cafeicultores defendem mais assistência técnica e transparência nos preços

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O Fórum Mundial dos Produtores de Café defendeu a necessidade de promover a assistência técnica, de desenvolver mecanismos para tornar mais mais transparente a formação de preços do produto e de criar estratégias que favoreçam a remuneração dos produtores pelo mundo. É o que consta na declaração final elaborada depois de dois dias de discussões sobre a atual situação do setor, nesta semana, em Campinas (SP).

Os países produtores consideram que há oportunidades de desenvolvimento de novas tecnologias para aprimorar a comercialização de café, agregando valor na origem e aproximando produtores e consumidores. Destacam também a importância de se estimular o consumo, especialmente nos seus próprios mercados e em economias emergentes.

“O Comitê do WCPF (sigla em inglês para Fórum Mundial dos Produtores de Café) tomará providências para a formalização de uma entidade jurídica que planejará a execução dessas estratégias”, diz o texto.

A redução da pobreza em regiões de produção de café e a atual situação do mercado estiveram entre as maiores preocupações no evento. Representantes de diversos países destacaram a urgência da cadeia se unir e tomar ações concretas para melhorar as condições de produção e promover uma remuneração pelo produto que consideram justa para o cafeicultor.

Representantes da Colômbia chegaram a propor a criação de um preço mínimo de US$ 2 por libra-peso para o café arábica. Além de pedir mudanças no contrato C negociado na bolsa de Nova York, principal referência global para as cotações do produto. Na visão dos cafeicultores colombianos, a atuação de agentes não comerciais (especuladores) no mercado futuro deve ser limitada.

O estabelecimento desse preço mínimo foi visto com ceticismo por representantes da cafeicultura do Brasil, por exemplo. O documento final do Fórum não menciona um piso, mas acolhe a ideia de criar um selo de “sustentabilidade econômica” e um selo “torrado na origem” como inovações para agregar valor ao café e alcançar preços remuneradores.

Os países produtores defenderam também criar uma plataforma tecnológica com informações e números de toda a cadeia produtiva. E desenvolver mecanismos de rastreabilidade para colocar à disposição dos consumidores as informações das origens e especificidades dos produtos ofertados no mercado.

Sem indicar como isso seria feito, falam em “estímulo ao desenvolvimento de estratégias e campanhas para a promoção do consumo de café, principalmente nos países produtores e mercados emergentes.” E em “promover a capacitação dos produtores, por meio de assistência técnica e extensão rural para a profissionalização em gestão da propriedade e aquisição de conhecimento sobre os riscos de mercado.”

Em palestra durante o evento, o professor Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, deu a ideia de se criar um fundo de US$ 10 bilhões para apoiar investimentos na produção e em serviços básicos nas regiões de café, priorizando onde há mais pobreza. A iniciativa seria liderada pela indústria – que entraria com US$ 2,5 bilhões – e envolveria governos e outros agentes privados.

O documento final do Fórum pontua que Sachs reforçou a necessidade de ação conjunta da cadeia produtiva e de agentes públicos e privados por uma cafeicultura mais sustentável, mas não menciona um fundo financeiro. Fala apenas em “incentivar que cada origem produtora, em nível público e privado, desenvolva um plano nacional de sustentabilidade para o setor café”.

O 3º Fórum Mundial dos Produtores de café será em 2021. A sede ainda será definida. A primeira edição do evento foi em 2017, em Medelin, na Colômbia.

Fonte: Globo Rural (Por Raphael Salomão)

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