Cafeicultores de Honduras enfrentam desafios após furacões

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As perdas da safra de café em Honduras, o maior produtor e exportador da América Central, podem aumentar para quase 10% depois que furacões danificaram grandes extensões da infraestrutura do país, disse uma associação do setor.

“O maior risco que temos agora é quanto tempo as autoridades levarão para reparar o acesso às regiões cafeeiras”, disse por e-mail Miguel Pon, diretor executivo da Adecafeh, a principal associação de exportação. “Estima-se que mais de 15% das malhas rodoviárias de café foram afetadas e, se em 30 dias não forem consertadas, podemos perder outras 460 mil sacas.”

O dilúvio no mês passado devido aos furacões Iota e Eta acelerou a maturação dos grãos de café, e a força de trabalho foi afetada pela pandemia de coronavírus. O Instituto Hondurenho do Café disse que a produção pode encolher até 2,5%, ou 160 mil sacas, e alertou para mais perdas.

O Iota, tempestade mais forte do Atlântico em um ano turbulento, provocou até 800 milímetros de chuva em algumas regiões de cultivo depois dos cerca de 500 milímetros trazidos pelo Eta. Os futuros do café arábica em Nova York deram um salto de 18% em novembro em meio aos problemas climáticos da América Central e às condições adversas da safra no Brasil, o maior produtor de grãos premium.

Depois da passagem do Iota, danos em pontes e estradas foram relatados em 185 municípios de 14 províncias produtoras, disse Pon, da Adecafeh. Muitos agricultores perderam suas casas e moinhos foram destruídos.

“Vemos uma perspectiva incerta em relação às exportações para 2020-21”, disse Pon, após estimativa inicial de 6,2 milhões de sacas. “No momento, há muito pouco movimento nas diferentes áreas de recebimento em comparação com os anos anteriores, exatamente quando nos aproximamos do pico da colheita.”

O Iota atingiu 4,3 mil hectares, reduzindo a safra em 120 mil sacas, disse Pon.

A produção em Honduras caiu em relação a níveis recordes nesta década em meio à queda dos preços do café. Cerca de 1 milhão de pessoas foram contratadas no pico da temporada para a colheita.

Honduras, Guatemala e Nicarágua devem responder por 12% da produção global de arábica na temporada 2020-21, segundo previsões do Departamento de Agricultura dos EUA.

Fonte: Bloomberg (Por Marvin G. Perez)