Cafeicultor pode usar inseticida

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Os cafeicultores de Minas Gerais poderão dar continuidade ao uso do princípio ativo Ciantraniliprole, inseticida que auxilia no combate à broca-do-café (Hypothenemus hampei). A permissão foi concedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que prorrogou por mais um ano a portaria que autoriza a importação, em caráter emergencial e temporária, à DuPont para comercialização de produto.

A liberação do produto ocorre em um período importante para evitar novas perdas na cafeicultura, já que a safra foi prejudicada pela estiagem registrada em novembro e início de 2015.

A autorização trouxe alívio aos produtores, que após a proibição do Endossulfan ficaram sem opções para o combate à praga. Em 2014, o uso do produto também foi autorizado por portaria, cuja validade venceu em 13 de março de 2015. Agora, o desafio dos representantes do setor é fazer com que a medida se torne definitiva e que mais empresas possam comercializar o produto.

De acordo com o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das comissões de Cafeicultura da entidade e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, a prorrogação da portaria, que permite o uso do Ciantraniliprole, é fundamental para evitar mais perdas na cafeicultura.

"Os cafeicultores do Estado, principal produtor de café, não podem ficar sem opções para o combate da broca-do-café, que se não controlada corretamente pode ser responsável por grandes perdas na colheita e na qualidade do grão. A prorrogação por mais um ano atende à demanda do setor", avalia.

Ainda segundo Mesquita, o processo para que o princípio ativo possa ser registrado e comercializado no país é burocrático, o que complica a situação dos cafeicultores. "A burocracia e a necessidade de passar por avaliações em vários órgãos, como na Anvisa, por exemplo, dificulta todo trâmite. Nosso desejo é que a situação seja resolvida e que outras empresas, além da DuPont, possam disponibilizar o produto no mercado brasileiro. Essa diversificação é importante para estimular a concorrência entre as empresas e para que o produtor tenha mais opções, podendo escolher aquele que lho ofereça melhor custo-benefício", explica.

Safra – Em relação à safra, na avaliação de Mesquita, as chuvas registradas em março tiveram papel fundamental na produção cafeeira de Minas Gerais, minimizando as perdas provocadas pela estiagem. Apesar da maior regularidade das precipitações, a atual safra mineira ainda refletirá os impactos da escassez de água registrada entre novembro de 2014 e janeiro deste ano. Também são esperados reflexos negativos em 2016, já que o crescimento dos cafezais foi reduzido.

"As chuvas observadas em março paralisaram as perdas que estavam ocorrendo em função da escassez de água. Mas, mesmo assim, teremos problemas com a estiagem, o que já foi prejudicado não será recuperado. Não sabemos em qual escala, mas a safra de 2016 também terá problemas, isso porque a seca fez com que o crescimento do cafezal ficasse abaixo do esperado para o período", oberva Mesquita.

De acordo com o levantamento da Fundação Procafé, Minas irá colher na safra 2015 entre 21,5 e 22,9 milhões de sacas de 60 quilos, volume que varia entre uma queda de 5% e um aumento de apenas 1,35%. No Estado, a maior queda na produção foi verificada nas regiões do Jequitinhonha e Norte, onde a produção ficará ate 35,06% menor. No Sul de Minas e Oeste, a expectativa é de uma redução de até 9,29%, com volume mínimo de 9,8 milhões de sacas.

"Se estivéssemos em um ano de produção normal, sem interferências climáticas, os preços pagos pelo café estariam em patamares remunerativos. Porém, desde o ano passado estamos enfrentando perdas na produtividade, fazendo com que os custos fiquem mais altos e os preços insuficientes para cobrir os mesmos e garantir uma margem de lucro. Além disso, no caso do produtor que utiliza insumos importados, a desvalorização do real frente ao dólar, comprometeu ainda mais a renda devido aos custos mais elevados. Entretanto, para os que exportam a produção, a situação é um pouco mais favorável", analisa Mesquita.

Fonte: Jornal do Comércio (Michelle Valverde)

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