Cafeicultor luta para preservar parte da Mata Atlântica em Minas Gerais

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Na semana em que as edições diárias do Globo Rural completam 11 anos, o programa traz uma série de reportagens sobre a RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural, que mostra como é possível conciliar a produção de alimentos com a preservação do meio ambiente. Na propriedade em Minas Gerais, parte da Mata Atlântica foi mantida em meio a um cafezal.

O sul de Minas Gerais é terra de montanhas arredondadas, de vales profundos, de sítios e fazendinhas charmosas. No passado a morraria da região era coberta por uma das florestas mais densas e mais ricas do Brasil: a Mata Atlântica. Hoje, a paisagem é dominada por pasto, gado de leite e muito cultivo de café.

Filho, neto e bisneto de cafeicultores, o agricultor Alex Nogueira Nanneti tem um sítio de 28 hectares, no município de Machado. Ele se dedica a duas atividades com perfil ecológico: à produção de café orgânico sombreado e à conservação da natureza.

Há alguns anos, Nanneti resolveu transformar uma parcela do sítio em RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural. A área foi criada em 2003 e ocupa 7,4 hectares da propriedade, o equivalente a 26% da superfície total do sítio. “Aqui é um remanescente de Mata Atlântica maravilhoso e a gente quis manter essa área em caráter perpétuo”, justifica.

O produtor tem uma área de café sombreado que ocupa dez hectares e não segue um espaçamento regular. Os pés de café arábica dividem espaço com árvores que foram plantadas. Algumas são espécies nativas, como o cedro, e outras são frutíferas comerciais, como banana, mamão, acerola e abacate.

“A primeira vantagem desse sistema é a qualidade do grão. Por estar na sombra, ele vai ter um sabor melhor, melhorando os açucares. Então, ele fica um café mais saboroso, adocicado e mais gostoso”, esclarece Nanneti.

Nesse modelo ecológico, a produtividade do cafezal fica em torno de nove sacas por hectare, menos da metade de uma lavoura convencional. Por outro lado, o produto orgânico pode alcançar um preço 30% ou 40% mais alto em relação ao café comum.

Segundo Nanneti, para conquistar os compradores, não basta produzir um grão de qualidade. É importante cuidar da imagem do negócio. É aí que entra a RPPN.

A reserva particular da propriedade é um remanescente de Mata Atlântica que ocupa a montanha principal do sítio. A RPPN do sítio também abriga espécies como canela seca, copaíba, jacarandá mineiro, palmeira juçara e o jequitibá majestoso. No lugar há ainda nascentes, corredeiras e uma grande variedade de arbustos, insetos, bromélias e cipó.

A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas do planeta em termos de biodiversidade. Além de água limpa, árvores bonitas, plantas variadas, a reserva do sítio se destaca por outro tipo de riqueza: a vida animal.

O processo para registrar a reserva foi complicado e o único estímulo financeiro é a isenção do Imposto Territorial Rural sobre a área preservada, que, no caso dele, é muito pequeno. A economia para o sítio é de apenas R$ 3 por ano.

Na opinião de Nanneti, ao cuidar de florestas o agricultor está prestando um serviço público em áreas privadas, um serviço ambiental pouco reconhecido.

Fonte: Globo Rural

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