Cafeicultor adapta processo de colheita aos tempos de pandemia

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O cafeicultor Leonardo Montesanto, que comanda três fazendas do Grupo Montesanto Tavares, em Angelândia, no nordeste de Minas Gerais, está preparado para evitar que as medidas de distanciamento social, recomendadas para evitar o contágio pelo coronavírus, prejudique a farta colheita do café que começa em meados de maio.

Uma das vantagens do cafeicultor nestes tempos de pandemia é a colheita mecanizada. Ele não tem a mesma preocupação dos produtores do Sul de Minas e Zona da Mata, que dependem da mão de obra que migra do Nordeste nesta época do ano para trabalhar nos cafezais.

Mesmo assim, Leonardo conta que teve que fazer um rearranjo na empresa para garantir a segurança diante do coronavírus. Uma das medidas foi a redução do número de trabalhadores temporários, que eram 80 e neste ano serão apenas seis.

Ele explica os temporários colhiam de 5% a 10% dos grãos que permaneciam nas plantas após a colheita mecânica. A medida implica em deixa de colher de 100 a 150 sacas de café, equivalente ao que seria gasto com a mão de obra, mas evita o risco de aglomerações nos cafezais. Os temporários em muitos casos são pequenos produtores vizinhos, que após fazerem mutirão para colher o próprio café, vão trabalhar nas fazendas maiores.

A Fazenda Pirapora do grupo tem 300 hectares de cafezais e emprega 32 trabalhadores fixos. Nas fazendas Primavera e Matilde as lavouras somam 1 mil hectares e empregam 68 empregados, pois parte do pessoal que presta serviço na manutenção de máquinas e alimentação trabalham para as três propriedades.

Leonardo diz que orientou os funcionários que moram em cidades próximas a irem para casa. No transporte, agora são dois horários de ônibus que levam apenas de 15 a 20 pessoas, todas de máscaras. Fizemos dois horários de limpeza. Higieniza os ônibus e os equipamentos.

Uma providência que ele tomou quando a crise começou foi comprar alimentos para garantir comida nas fazendas por dois meses. Como a medida assustou os empregados, que temiam o desabastecimento, o grupo adiantou a metade do 13º salário para que todos pudessem fazer suas compras. “Não senti nada da crise. Graças a Deus”, diz Leonardo, que se sente aliviado por não ter que recorrer à suspensão de contratos à demissão de empregados.

Mesmo com as notícias de que a pandemia está afetando o comércio mundial de café, Leonardo diz que a exportação do grupo não diminuiu, pois continua embarcando de 130 a 140 mil sacas por mês, sem problemas enfrentar problema com falta de contêineres.

Ele analisa que a alta de preços do café no mercado interno, além da valorização do dólar, é resultado da percepção do mercado que deve faltar produto de qualidade e que haverá quebra de safra por causa da falta de estrutura de colheita.

Apenas na Fazenda Primavera ele espera colher 35 mil sacas de café nesta safra, sendo 13 mil de grãos especiais produtos para embarque. Os cafés mais caros são vendidos por meio de leilões para o mercado japonês. Em seguida vem os Estados Unidos e a Europa. Os cafés finos e exóticos vão para a Austrália.

Fonte: Revista Globo Rural

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