Café zero de carbono: Pesquisa revela emissões na cafeicultura

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Com o objetivo de ter um dia o "café zero de carbono" está sendo feito um estudo inédito para saber quanto as plantações de café emitem de gases do efeito estufa. 

A pesquisa, promovida pela illycaffè em parceria com o Centro de Energia Nuclear, descobriu, entre outras coisas que nas matas de Minas, 78% do total de emissões analisadas são provenientes do uso de adubos que contêm nitrogênio em sua composição. No Cerrado, o número atinge 75%. No Sul de Minas, os fertilizantes nitrogenados respondem por 50% das emissões na produção do café. 

Levando em consideração a intensidade das emissões em CO2 equivalente, o Cerrado lidera o ranking. Na região, são lançadas na atmosfera 4,95 toneladas de dióxido de carbono (CO2 eq) por hectare. 

Na Zona da Mata, são 2,83 toneladas. Já o Sul de Minas responde por 2,03 toneladas a cada hectare. “A cafeicultura não é um grande emissor [de gases do efeito estufa], quando comparada a outras culturas”, disse Carlos Clemente Cerri, professor titular do CENA/USP e especialista em mudanças climáticas, que coordenou o estudo.  Segundo ele, “outros grãos emitem de três a quatro vezes mais”.

A segunda fase do “Inventário de emissão de GEE na cafeicultura” irá incluir, para o cálculo do índice de emissões na cafeicultura, dois importantes dados quando o assunto é a geração de gases do efeito estufa. 

A primeira parte deste projeto pioneiro manterá o desafio de conciliar o rendimento da produção e a sustentabilidade, para que um dia “sejamos capazes de atingir um café carbono zero”, aposta o especialista, se referindo à fixação do carbono em outras áreas do ciclo produtivo. 

O caminho, a curto prazo, é “ampliar o uso de fertilizantes organominerais que, além de gerar redução de custo, são responsáveis pelo maior rendimento e queda nas emissões do café”.

Outras ações também são capazes de mitigar as emissões como, por exemplo, aplicar o sombreamento para imobilizar o CO2 da atmosfera na área do cafezal, ao fixar o carbono nas árvores. “O sombreamento, apesar de difícil no Brasil, permite que as árvores retirem o CO2 da atmosfera, imobilizando-o na madeira que, posteriormente, pode ser usada na fabricação de móveis, por exemplo, mantendo o dióxido de carbono aprisionado”, sugere Cerri.

Além disso, “a utilização do etanol, em substituição ao combustível de origem fóssil, pode gerar uma economia de 60% a 70% nas emissões de CO2 em uma propriedade”, ressalta o especialista. 

O etanol é considerado um produto neutro, já que, o que ele emite na plantação, ao ser ‘cultivado’, é, proporcionalmente, compensado na baixa emissão quando na forma de combustível.

Com o cálculo final do “Inventário de emissão de GEE na cafeicultura”, que deve ser divulgado em breve, “será possível, dar início a outros cálculos para diversos produtos no Brasil”, indica o coordenador do estudo.

Fonte: Coffee Break

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