Café volta a subir na ICE, mas traders vêem sobrecompra
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quinta-feira com altas, em mais uma sessão caracterizada por um movimento de recuperação. Depois de ser pressionado por vendas especulativas e ficar, inclusive, abaixo das mínimas de preço da sessão passada, o café voltou a ser estimulado por algumas aquisições de especuladores e fundos, o que permitiu uma inversão da tendência inicial e a consolidação de alguns ganhos, ainda que não muito agressivos. Tecnicamente, o mercado se mostra consistente, com os baixistas ainda apresentando fôlego limitado.
Alguns operadores continuam focados nas máximas de maio, sendo que a resistência mais significativa neste momento estaria em 300,00 centavos por libra, com o passo seguindo sendo os 313,75 centavos, máxima de 6 de maio. O mercado externo teve um perfil negativo nesta quinta, com as bolsas de valores nos Estados Unidos recuando mais de 1% e com o índice CRB caindo mais de 0,5%. O dólar teve um dia de alta em relação a uma cesta de moedas internacionais.
No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve alta de 150 pontos com 289,75 centavos, sendo a máxima em 290,85 e a mínima em 282,60 centavos por libra, com o março registrando oscilação positiva de 145 pontos, com a libra a 292,05 centavos, sendo a máxima em 293,10 e a mínima em 285,35 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro registrou queda de 8 dólares, com 2.325 dólares por tonelada, com o janeiro caindo 4 dólares, com 2.345 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, os futuros de café conseguem um impressionante rally nas últimas semanas, conseguindo se situar acima de várias linhas de baixa do mercado e acima de diversas médias móveis, o que confirma que, no médio prazo, o mercado assume um viés bull (altista). Esses analistas, contudo, sustentaram que, no curto prazo, o mercado subiu muito rapidamente, sem alguns recuos corretivos básicos. Assim, alguns players fazem uma leitura de tendência sobrecomprada, o que pode tornar o mercado mais vulnerável para sessões mais imediatas.
Analisando os movimentos recentes, o mercado conseguiu, no dia 16 de agosto, romper algumas resistências interessantes, deixando de lado, desse modo, a tendência bear (baixista) iniciada em maio. O comportamento altista foi nítido, com o dezembro indo de 245,75 centavos, alcançado em 16 de agosto, para um nível próximo dos 290,00 centavos. Tecnicamente, os players avaliam o cenário sobrecomprado, na esteira dos rallies recentes. O Índice de Força Relativa indicou que na quarta-feira havia batido nos 88%, sendo que acima de 70% já se avalia um quadro como “sobrecomprado”.
Nesta quinta, o Índice passou a apresentar oscilações mais baixas, o que é um indicativo baixista. John Isaacson, analista da Hightower Report, em Chicago, indicou que “no curto prazo o café avançou demasiadamente, no entanto, ao conseguir superar as baixas de agosto, o produto conseguiu uma significativa mudança de tendência para um cenário positivo”, sustentou. “Nós verificamos um avanço mais contido nos últimos dias, o que pode sugerir que poderemos ter alguns recuos no curto prazo”, complementou Isaacson, que vê uma zona de suporte entre 274,75 centavos, alta de 7 de julho, e a média móvel de 100 dias, em 269,60 centavos.
“Talvez pudéssemos comprar em uma parada dos preços no aguardo de mais altas”, complementou. As exportações de café do Brasil em agosto, até o dia 31, somaram 2.551.356 sacas, contra 1.884.975 sacas registradas no mesmo período de setembro, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Esse número ainda não é consolidado. Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 3.152 sacas, indo para 1.469.801 sacas.
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 16.683 lotes, com as opções tendo 3.284 calls e 4.567 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 290,85, 291,00, 291,50, 292,00, 292,50, 293,00, 293,50, 294,00, 294,50, 294,90-295,00, 295,50, 296,00 e 296,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 282,60-282,50, 282,00, 281,50, 281,00, 280,50, 280,10-280,00, 279,50, 279,00, 278,50 e 278,00 centavos por libra.
Fonte: AgnoCafe