Café: tecnologias inovadoras nas regiões de Cerrado é tema do Prosa Rural

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Para suplantar o desafio de produzir café de qualidade no Cerrado brasileiro – região que ocupa mais de 200 milhões de hectares nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Distrito Federal – a Embrapa Cerrados (Planaltina – DF), com recursos do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café (Brasília – DF), uniu esforços em projetos multidisciplinares e desenvolveu tecnologias inovadoras para essa região, caracterizada por estiagens prolongadas e solos de baixa fertilidade.

Essas tecnologias serão tema do programa de rádio da Embrapa, o Prosa Rural, a ser exibido em 18 de julho. Para saber como ouvir e em que horário acesse aqui (http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/onde-ouvir).

Estresse hídrico – A primeira tecnologia apresentada é a irrigação de café com estresse hídrico controlado, que veio para contradizer a ideia de que a irrigação durante o ano todo faz parte do manejo tradicional de cafeeiros no Cerrado. Essa tecnologia de manejo de água na agricultura irrigada foi validada não só em experimentos como também em fazendas produtivas de várias regiões brasileiras. “Partimos da teoria de que as necessidades fisiológicas das plantas devem ser respeitadas, caso contrário, tem-se grande variação anual da produtividade, como bienalidade acentuada e desuniformidade na maturação dos frutos, devido à ocorrência de múltiplas floradas”, explica o pesquisador e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, Antonio Guerra. A tecnologia além de revolucionar a prática tradicional da irrigação frequente e continuada, garante mais produtividade, mais qualidade e menor custo, sendo alternativa para a sustentabilidade da cafeicultura no Cerrado.

Adubação fosfatada – A adubação fostatada em café é outra tecnologia para a produção no Cerrado. Da mesma forma que o estresse hídrico, essa tecnologia também não tinha amparo na literatura científica até então e representou mais uma mudança de paradigma. “Hoje sabe-se que há resposta à adubação de fósforo em cafeeiros e, em geral, essa tecnologia é usada em conjunto com a irrigação. Há também expressivo aumento de produtividade, mais energia, vigor e sanidade das plantas”, adianta Guerra. Além disso, a tecnologia questionou o conceito de que a bienalidade do cafeeiro era uma questão intrínseca da planta de café e indicou que é mais uma questão de manejo, sendo possível com práticas agrícolas adequadas reduzir sua intensidade e manter produção mais equilibrada, com mais uniformidade na maturação, grãos vigorosos e sadios e menor custo de produção.

Cultivo de braquiária – Outra tecnologia que representa mudança de paradigma é o cultivo de braquiária nas entrelinhas dos cafeeiros. “A braquiária faz a ciclagem de nutrientes, notadamente o fósforo, ajudando na disponibilidade desse elemento para as plantas, e o controle de erva daninha, o que diminui o requerimento de roçagem e a aplicação de herbicida. Além disso, visivelmente não prejudica a planta e potencializa a multiplicação de micorriza natural, facilitando a absorção de nutrientes, água e a produção de biomassa, o que melhora a qualidade do solo e fixa carbono da atmosfera. É uma tecnologia sustentável”, também explica Guerra.

Prosa Rural – O programa é uma produção da Embrapa Informação Tecnológica em conjunto com as demais Unidades da Embrapa. É distribuído gratuitamente a rádios de todo o Brasil, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – Abraço, da Radiobrás, do Ministério das Comunicações e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).

Avanços da cafeicultura no Brasil – Segundo o Informe Estatístico do Café – Dcaf/Mapa – a produção e a produtividade do café, em 1997, quando da criação do Consórcio Pesquisa Café, era de 2,4 milhões de hectares de área cultivada, com produção de 18,9 milhões de sacas de 60kg e produtividade de 8,0 sacas/hectare. Passados 16 anos, em 2013, de acordo com o segundo levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab (maio/2013), com praticamente a mesma área cultivada – 2,3 milhões de hectares – o País deverá produzir 48, 5 milhões de sacas, com produtividade de 23,8 sacas/ha.

Consórcio Pesquisa Café – Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Epamig, Instituto Agronômico – IAC, Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento -Mapa, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro – Pesagro-Rio, Universidade Federal de Lavras – Ufla e Universidade Federal de Viçosa – UFV.

Embrapa Café – Gerência de Transferência de Tecnologia
Flávia Bessa

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