Café solúvel pode ser porta de entrada para bebida brasileira na China, avalia CNA
Em uma pesquisa de campo do escritório da CNA em Xangai, em pontos de venda, como supermercados e atacadistas da cidade, constatou-se ampla popularidade do café em pó solúvel e instantâneo entre os consumidores, por oferecer maior conveniência no preparo. Nesta categoria de produto, o café com leite tem presença forte nos canais de venda física e online.
O estudo mostra, ainda, que há espaço para consumo de outras formas de café. “Estima-se que o café torrado e moído possa se tornar um mercado incremental ao solúvel quando a percepção do café na China sofrer uma transição de ‘produto de luxo’ para bebida de hábito diário”, diz a pesquisa. Estima-se que o chinês bebe, em média, de 4 a 5 xícaras por ano, enquanto japoneses e norte-americanos consomem anualmente 360 e 400 xícaras, respectivamente.
De acordo com o estudo, a taxa média de crescimento anual do consumo de café na China é positiva e nos últimos cinco anos oscilou entre 7% e 17%, nível superior aos 2% globais. Além disso, o país está diversificando as origens do café adquirido nos últimos anos. A proporção do grão importado de outros países asiáticos tem diminuído, enquanto a procura por cafés africanos e latino-americanos cresceu nos últimos anos.
A participação da América Latina nas importações do país asiático subiu de 15% em 2017 para 24% no ano passado. A parcela africana passou de 5% para 10% no mesmo período, enquanto outros países asiáticos que vendem café para a China tiveram o marketing share reduzido de 58% há 3 anos para 40% em 2019.
Atualmente, o café do Brasil está qualificado e liberado para exportação para a China na modalidade de acesso facilitado. Dados da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) revelam que, em 2019, o valor das importações de café brasileiro pelo país asiático totalizou cerca de US$ 24 milhões, um aumento de 12% em relação a 2018.
Segundo a publicação da CNA, em comparação aos canais tradicionais, a venda online tem conquistado maior espaço no mercado, em virtude do alto grau de desenvolvimento do e-commerce na China. Dados do estudo, baseados em informações de plataformas virtuais, mostram que os pedidos online de café aumentaram 60% em 2018 na comparação com o ano anterior, enquanto o universo de lojas virtuais se expandiu em 32% no mesmo período.
Outros dados compilados pelo escritório da CNA em Xangai apontam que o faturamento de vendas de café online cresceu 169% nos primeiros quatro meses de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019. “Neste contexto, é impossível ignorar o e-commerce como um ponto de venda potencial para o café brasileiro. O impacto da Covid-19 fez com que os chineses comprassem ainda mais online no primeiro semestre de 2020, o que obrigou as plataformas a melhorarem seus modelos de negócios e capacidades tecnológicas”, conclui o estudo. Veja aqui o estudo.