Café: setor aguarda crédito para dosar oferta do grão, diz Cooxupé

Imprimir

O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, informou nesta quinta-feira que os produtores aguardam liberação de linha de crédito para colheita e comercialização da safra 2012 de café. Os recursos são necessários para que os cafeicultores não se vejam obrigados a vender a safra numa mesma época, pressionando as cotações. Algumas regiões já iniciaram a colheita, como Rondônia e norte do Espírito Santo. O pico dos trabalhos, no entanto, deve ocorrer a partir de maio/junho.

"É preciso que o produtor tenha financiamento, para não vender barato o seu café. É importante que ele possa segurar e vender ao longo dos meses, esperando o melhor preço", disse ele, que participaria hoje de evento na BM&FBovespa, no qual serão celebrados os 80 anos de cooperativismo e os 55 anos da Cooxupé, a maior cooperativa de café do mundo, instalada no sul de Minas. Paulino da Costa explicou que a ideia não é o governo fazer retenção da oferta, como chegou a ser veiculado de modo "desvirtuado" na imprensa. "O setor precisa de linha de crédito para ordenar melhor suas vendas, evitando pressão de oferta no início da colheita", justificou.

De acordo com recente decisão do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), órgão que reúne governo e iniciativa privada do café, serão liberados R$ 2,450 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), dos quais R$ 1,5 bilhão para a linha de estocagem; R$ 500 milhões para custeio e colheita, que, no vencimento, poderão ser convertidos em estocagem; R$ 250 milhões destinados ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC) e outros R$ 200 milhões para uma linha de capital de giro para a torrefação. A decisão precisa ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Paulino da Costa salientou que dificilmente o País conseguirá recompor parte dos estoques nesta safra, mesmo que a produção alcance recorde de 50 milhões de sacas de 60 kg, conforme estimativas oficiais. "Estamos bebendo muito café e exportando volumes consistentes. As 50 milhões de sacas serão suficientes apenas para abastecer o mercado interno e exportação", observou. De acordo com ele, é importante o País ter excedentes, já que a safra 2013 será menor do que a deste ano, por causa da bienalidade do café arábica (alternância de grande produção com outra menor no ano seguinte).

O presidente da Cooxupé também analisou as condições das lavouras. "A safra deve ser boa, mas não será uma supersafra. Creio que as previsões oficiais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estão dentro da realidade", comentou. Ele explicou, no entanto, que a seca de fevereiro "judiou um pouco dos cafezais". "O cafeeiro deixou de crescer. Isso pode prejudicar a próxima safra", informou.

A Cooxupé espera receber neste ano cerca de 6 milhões de sacas de café, em comparação com 4,8 milhões de sacas em 2011. O bom desempenho é atribuído à bienalidade da cultura, pois na região de atuação da cooperativa espera-se uma safra cheia este ano. Em 2011, o faturamento da cooperativa alcançou R$ 3 bilhões. A previsão inicial indica faturamento de R$ 3,6 bilhões em 2012, "mas vai depender dos preços do café. Se as cotações continuarem em queda, certamente o faturamento será menor", argumentou.

Paulino da Costa mostrou-se otimista com os fundamentos do mercado do grão. "O consumo não caiu e outros países produtores estão enfrentando problemas de quebra de safra. O problema é que existem muitas outras incógnitas, como a superação da crise financeira na Europa e a taxa de câmbio, que dificultam cravar tendência para as cotações da commodity", concluiu.

Fonte: Agência Estado

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *