Café: Regulamento técnico do MAPA avança ao determinar um nível mínimo de qualidade

“Um novo tempo para os consumidores e para as indústrias”. Assim o presidente da ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café, Almir José da Silva Filho, definiu a Instrução Normativa que cria o Regulamento Técnico para o Café Torrado em Grão e Café Torrado e Moído, assinada em Brasília pelo ministro Wagner Rossi, do MAPA, na tarde desta segunda-feira, 24 de Maio, quando também se celebra o Dia Nacional do Café.

Este Regulamento Técnico, que deve ser publicado no Diário Oficial da União nesta terça-feira (25/05) e que entrará em vigor 270 dias, passará a exigir que os cafés oferecidos aos consumidores, em grãos torrados ou torrados e moídos, tenha Qualidade Global Mínima igual ou superior a 4 pontos, em uma escala de zero a 10, além de impureza máxima de 1% e nível de umidade de 5%.

“O RT terá um impacto muito positivo na melhoria da qualidade dos cafés do dia-a-dia, elevando o nível médio da qualidade de inúmeros produtos em todo o País”, diz Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da ABIC. “Ao mesmo tempo, poderá ter influência positiva junto aos produtores de café, que terão a oportunidade de melhorar os grãos resultantes de sua colheita, evitando e reduzindo a produção de cafés de baixa qualidade e que deterioram a bebida final”.

A edição de uma norma para o café torrado em grão ou torrado e moído foi uma demanda da ABIC, em 2006, com base nos resultados positivos obtidos para a qualidade com a implantação do PQC – Programa de Qualidade do Café. “A adoção do conceito de Qualidade Global Recomendável no novo RT, que é a base do PQC, faz com que esta norma oficial seja exemplar como política pública, visando a melhoria da qualidade, a valorização dos produtos e o aumento do consumo de café”, completa Almir Filho.

Para os industriais de café, o novo RT significará que o mercado passará a ser disputado não mais pelos menores preços para os produtos, mas, sim, por aqueles que apresentarem melhores qualidades. “A ABIC vai divulgar exaustivamente as exigências do novo RT junto ao mercado, aos supermercadistas, aos atacadistas, empresas de cestas básicas, de refeição coletiva, à gastronomia e órgãos licitantes, de modo que a nova norma surta efeitos positivos quando de sua entrada em vigor”, explica Herszkowicz.

Ineditismo

Com a edição deste Regulamento Técnico, o Brasil passa a ser o primeiro pais a adotar, em norma oficial, as modernas técnicas de avaliação sensorial do produto final – café torrado e moído – para definir as características da qualidade recomendável, aquelas que tornam a bebida apreciada e que impulsionam o consumo.

Até hoje, em todo mundo, a qualidade do café sempre foi aferida pela avaliação, classificação e degustação do grão cru, isto é, da matéria-prima. Entretanto, como o processo de industrialização, a torração, a moagem e a embalagem influem decisivamente nas características da bebida degustada pelos consumidores, tornou-se necessário utilizar também as metodologias de avaliação sensorial para qualificar a bebida conforme seu consumo. Isto, que está sendo feito isoladamente em vários locais e países, aqui no Brasil, com a edição e publicação do RT, passa a ser feito de forma oficial, regulamentando a qualidade da bebida e criando os mecanismos para monitorar o mercado.

A Qualidade Global será avaliada por provadores treinados e experimentados, em laboratórios credenciados pelo MAPA, permitindo um amplo monitoramento de milhares de marcas de café existentes no País. Na metodologia de avaliação da qualidade global do café na xícara, os profissionais dão notas, em uma escala de zero a 10, para os diversos atributos do café, como corpo, aroma, doçura, acidez e finalização. Dessa forma, definem as características da qualidade recomendável do café, aquelas que tornam a bebida apreciada e que impulsionam o consumo, e que no RT é estabelecido como nota igual ou superior a 4 pontos.

Essa nota de 4 pontos foi estabelecida em função da larga experiência da ABIC em avaliar a qualidade do café em todos os mercados do país e servirá como uma barreira para a oferta de cafés de qualidade muito ruim e inferiores, que ainda existem no mercado por falta de uma regulamentação moderna como a que esta sendo criada com o RT. “Este regulamento poderá também ter um excelente impacto nas exportações do café torrado e moído brasileiro, que poderá alcançar os diferentes mercados com a apresentação de uma qualidade aferida por norma oficial, sendo isto um importante diferencial para as empresas brasileiras”, destaca Nathan.

Fonte: Revista Cafeicultura

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