Café: preços internacionais estão fora da realidade, diz Illy

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O presidente da torrefadora italiana illycaffè, Andrea Illy, considera que os preços internacionais do café estão fora da realidade. "As cotações atuais não estão refletindo necessariamente os fundamentos de mercado", diz. O leve déficit na produção global do grão e a queda dos estoques mundiais, aliados à especulação financeira, "levaram o preço a níveis mais altos do que deveria estar hoje", garante.

Na avaliação de Andrea Illy, um valor que garantiria boa remuneração ao produtor estaria hoje por volta de 160 centavos de dólar por libra-peso. Na visão do executivo, considerando os fundamentos altistas, a cotação do café poderia até alcançar perto de 200 centavos de dólar. Mas na Bolsa de Nova York o contrato futuro de café arábica tem oscilado bem acima desse valor. Nesta quinta-feira, o contrato para entrega em maio encerrou cotado em cerca de 270,90 centavos de dólar.

"O mercado de café tornou-se totalmente financeiro. Os atuais fundamentos do mercado físico estimularam a especulação", acrescenta Illy. Além disso, o comportamento das cotações do produto também passou a depender de outras commodities. "Já elevamos nossos preços duas vezes este ano e estudamos um terceiro aumento", afirma. De acordo com ele, esses reajustes são realizados paralelamente a um grande trabalho de comunicação com o consumidor.

Andrea Illy afirma que preço pago ao produtor de café praticamente dobrou nos últimos 12 meses. "O lucro dos produtores tem sido revertido em aumento de produtividade e qualidade dos grãos", garante. Illy lembra que os cafeicultores vinham enfrentando dificuldades nos últimos anos, em virtude do aumento do custo de produção, principalmente com mão de obra e insumos, além da valorização do real ante o dólar. "Os custos estavam aumentando, mas os preços pagos ao produtor não estavam acompanhando", explica.

O empresário ressalta que importantes países produtores de café têm apresentado frustração de safra, como Colômbia e nações da América Central. O Brasil, por sua vez, tem substituído outras origens, pois passou a "oferecer produto de alta qualidade", comenta Illy.

Com produção de melhor qualidade e redução da oferta de outros fornecedores, o Brasil já obteve da Bolsa de Nova York autorização para fazer a entrega de café naquele mercado a partir de 2013. Andrea Illy diz que a medida não deve ter reflexos na relação da empresa com os produtores brasileiros. Uma iniciativa que pode ser criada é a compra de café com base nos contratos futuros de Nova York. Seria uma alternativa em relação à compra direta, "mas existem riscos", observa. O produtor, por exemplo, pode não alcançar a qualidade exigida, embora pelo menos 600 fiéis cafeicultores estariam hoje aptos a cumprir esses contratos com a illycaffè.

A illycafé produz um só blend, com nove tipos diferentes de cafés. Na composição do produto, o grão brasileiro representa cerca de 50%. A torrefadora não informa o volume que compra anualmente dos cafeicultores brasileiros.

Fonte: Agência Estado

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