CAFÉ NÃO SUSTENTA E VOLTA A SER PRESSIONADO POR FUNDOS

Os principais índices de bolsa e de commodities no mundo subiram durante a semana, ainda que de forma modesta para alguns.

Declarações de Angela Merkel, primeira-ministra alemã, dizendo que defende compras de títulos animaram investidores. Nem mesmo a queda forte das exportações da China serviu de desconforto, talvez pela crença de que cedo ou tarde os governos voltarão a injetar dinheiro nas economias.

A semana para o café começou mais firme, com os preços subindo em função do receio que o furacão Ernesto poderia levar estrago a áreas produtoras no México.

Como não provocou danos, e com um pouco mais de venda de origens em Nova Iorque próximo dos níveis de US$ 180 centavos, o mercado rapidamente escorregou, e ao romper US$ 170 centavos atraiu venda de fundos, fazendo com que as perdas nos últimos cinco dias ficassem em 9.99 dólares por saca na ICE.

Em Londres a queda foi menor, US$ 3.42 por saca.

Já na BM&F chamou a atenção o movimento da sexta-feira quando os preços explodiram. De acordo com alguns participantes a dissonância ocorreu em função de um vencimento de produto de balcão. Outros dizem que foi liquidação compulsória relacionada ao produto. Nada contra estruturas de balcão, mas há sempre de se tomar cuidado com os pontos de “trigger” e com a liquidez quando escolher o produto.

No mercado físico a queda da bolsa, junto com a firmeza do real esvaziou o mercado, firmou os diferenciais, e secou o volume de negócios, ou seja, ocorreu tudo completamente diferente do que eu imaginava que poderia acontecer e que compartilhei com o amigo leitor no meu comentário da semana passada.

Para quem precisa comprar, e neste grupo estão exportadores, dealers, e torradores, o que já estava complicado ficou pior ainda. A cara reposição dos naturais, apesar da safra brasileira, acaba por não dar alternativa aos compradores a não ser pagar os diferenciais estreitos que estão aí.

As exportações brasileiras do mês de julho, divulgadas pelo CECAFE, foi de 2,078 milhões de sacas, praticamente igual há um ano, na safra que foi menor. Não ficaria surpreso em ver mais um mês com volume similar, o que vai certamente refletir na utilização dos estoques nos destinos.

Por falar nisto o uso dos certificados da LIFFE continua grande. De um ano para cá o volume caiu de 6,74 milhões de sacas para 2,44 milhões de sacas, enquanto o da ICE subiu 350 mil sacas. Um influente dealer questionou em seu relatório desta semana se podemos crer nas estatísticas que indicam um aumento do consumo do robusta em 9 milhões de sacas, ou um crescimento de 15% em um ano.
Seria impressionante, mas não parece impossível.

De volta ao arábica os diferenciais de reposição firmaram em praticamente todas as origens, e o interesse de compra da indústria no futuro pode ajudar a estancar a queda. O “braço de ferro” entre produção e torradores deve continuar, com os primeiros relativamente bem capitalizados e certos de uma recuperação dos preços, e os segundos descontentes com os diferenciais.

Não se pode negar entretanto que mesmo a indústria sendo forçada a pagar diferenciais mais caros está comprando café bem mais barato que há um ano. Como? Ora se antes tinham fixação de futuros a, digamos, US$ 250 centavos por libra, e travavam diferenciais de US$ 20 centavos abaixo, líquido desembolsavam US$ 230 centavos. Hoje comprando futuros a US$ 180 centavos com diferencias de US$ 10 centavos abaixo, a conta fica em US$ 170 centavos.

Acho que não veremos tão cedo os diferenciais de Brasil em níveis de desconto históricos, salvo haja um rally forte do “C”.

É difícil ficar altista em um mercado que tecnicamente volta a apontar para baixo, mas dada a firmeza do “basis” não acho que veremos uma queda muito maior do que já vimos.

Por força da performance temos que ajustar nosso intervalo de negociação do curto prazo para 165 a 185 centavos.

A Archer Consulting em pareceria com a Top Hint Solutions, desenvolveu a ferramenta CoffeeSys 2012, para auxiliar na
gestão financeira das posições do mercado de café. O sistema é compatível com as bases de dados MySQL, Oracle, SQLServer e IBM DB2. Além disso, o uso de outras novas tecnologias permite o controle do portfólio em celulares e tablets. Para saber mais, acesse: http://www.tophint.com.br .

Uma excelente semana e muito bons negócios a todos.

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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