Café: Ministério da Agricultura alemão diz não estar fazendo o suficiente para dar renda digna ao produtor

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Em meio à crise dos preços internacionais do café, que se arrasta há anos e tem achatado a renda do produtor, o diretor de administração e assuntos legislativos do Ministério da Agricultura da Alemanha, Sebastian Lesch, admitiu que o trabalho feito pela cadeia produtiva e governos tem sido pequeno para melhorar o retorno financeiro dos cafeicultores. “Vamos admitir: não estamos fazendo o suficiente. Isso nem é notícia porque é por isso que estamos aqui. O que posso dizer é que estamos indo na direção correta”, afirmou durante o I Forum de CEOs e Líderes Globais, promovido pela Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. A ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, foi convidada para o evento, mas está em viagem pelo Oriente Médio.

Para Lesch, compartilhar uma forma mais equitativa para essa situação deve ser o trabalho de todos agora. “Temos aqui grandes importadores, como a Alemanha – e, por incrível que pareça, a Alemanha bebe mais café do que cerveja – e, do outro lado, grandes produtores. E há um desequilíbrio de poderes e também de questões ecológicas. “Temos que falar do desmatamento e das degradações da floresta”, afirmou.

O representante do governo alemão avaliou que há hoje no mercado um excesso de certificações que não ajudam mais o consumidor. “Acho que temos que falar de mais regulação, e não certificação. Esta não é uma prioridade dos Estados Unidos, mas a França e a Alemanha já vêm discutindo isso”, afirmou. Ele prometeu que no próximo ano, quando o país for o presidente rotativo da União Europeia (UE), levará o assunto das cadeias de valor da agricultura em geral para o bloco comum.

Uma das possibilidades que ele enxerga é fazer com que parte dos recursos aplicados na produção de café volte para os agricultores. “Esta é uma responsabilidade compartilhada. Por isso, a OIC é o local adequado. Todos os atores que estão aqui”, considerou.

No mesmo evento, a gerente de sustentabilidade e comunicação da Melitta, Katharina Roehrig, disse que, antes de da renda digna aos cafeicultores, é preciso compreender as causas e os sintomas que levam hoje à crise dos preços da commodity.

A vice-presidente operações da unidade de negócios estratégicos de bebidas da Nestlé, Benedicte Poinssot, também discorreu sobre a sustentabilidade da renda aos países produtores. É preciso, segundo ela, melhorar a economia das fazendas, por meio do incremento de práticas agrícolas. Ela citou como exemplo o trabalho feito pela companhia multinacional que premia cafés de qualidade que são fornecidos para o segmento Nespresso e que precisam contar com o selo AAA. A executiva também falou sobre a importância de diversificar a fonte de renda dos produtores para momentos em que os preços do café estão deprimidos, como agora. “A possibilidade de uma participação do PIB (Produto Interno Bruto) do café voltar para o agricultor pode ser uma saída.”

Fonte: Agência Estado (Por Célia Froufe)

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