Café do Cerrado Mineiro está mais valorizado

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Sete meses depois da conquista do selo de Denominação de Origem (DO), cafeicultores do Cerrado mineiro comemoram os resultados positivos gerados pela certificação nesse período. Entre eles, o maior valor de mercado do produto – entre 30% e 40% superior ao preço do café não certificado -, o que aumenta a lucratividade e estimula os investimentos em tecnologia. Como consequência, a projeção dos produtores é de crescimento em torno de 36% na produção em 2014.

A Denominação de Origem do café do Cerrado foi concedida no dia 31 de dezembro do ano passado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

De acordo com o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, as estimativas em relação ao café negociado com o selo DO são muito positivas. Somente neste ano serão produzidas com a marca cerca de 150 mil sacas de 60 quilos, frente às 110 mil sacas negociadas em 2013, um aumento de 36%.

O selo com a denominação de origem é utilizado em embalagens de café verde e industrializado. O selo contém qr code, que permite o rastreio completo do lote do café, indo desde a história do cafeicultor, laudos atestando a qualidade da bebida até o método de produção.

"A nossa maior demanda, cerca de 70%, é proveniente do exterior, principalmente dos Estados Unidos e do Japão. O selo agrega grande valor ao café, já que atesta que o produto é de alta qualidade e possui características únicas de uma região, o que é muito valorizado no exterior. Também temos o objetivo de comercializar o produto no mercado interno, que tem grande potencial de consumo e vem valorizando cada vez mais os cafés especiais", explica.

Ainda segundo Tarabal, a região que recebeu a Denominação de Origem engloba 55 municípios mineiros localizados no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado. Ao todo, são 4,5 mil cafeicultores responsáveis pela produção de 6 milhões de sacas de café ao ano.

Para ser negociado com o selo de DO, o café espécie arábica deve ser oriundo de propriedades ligadas às entidades filiadas à Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Os produtores precisam cumprir as leis ambientais e trabalhistas. A bebida deve apresentar pelo menos 80 pontos nas regras estabelecidas pela Specialty Coffee Association of America (SCAA), cuja metodologia é reconhecida mundialmente. As lavouras devem estar situadas em áreas de 800 metros a 1,3 mil metros de altitude.

"A tendência é que o volume de café especial gerado na região e apto a ser negociado com o selo de Denominação de Origem cresça anualmente. Devido ao maior valor de mercado e à demanda aquecida, os produtores estão investindo cada vez mais nos meios produtivos para aumentar a qualidade e atender às exigências do selo", afirmou Tarabal.

Mercado – Ainda segundo o representante da federação, os preços pagos pelo café especial são lucrativos. Enquanto os cafés comuns são comercializados entre R$ 400 e R$ 410, o café do Cerrado é vendido com valores de 30% a 40% superiores, o que garante lucro aos cafeicultores. Por ser uma região plana, a mecanização da cultura é quase total e cerca de 40% da área são irrigados. De acordo com ele, o grande índice de mecanização é fundamental para que os custos sejam menores, já que a dependência da mão de obra é menor. Para produzir uma saca de 60 quilos são gastos, em média, R$ 300.

Em relação à safra atual, as expectativas são positivas, já que a produção e a qualidade continuam preservadas. "A falta de chuvas, que afetou drasticamente a produção de café nas demais regiões produtoras do Estado, não foi tão expressiva na nossa região. Foi também minimizada pelo uso da irrigação. Além disso, as lavouras estavam adubadas e com controle fitossanitário bem efetivo, ficando mais resistentes e evitando o impacto da estiagem. Com isso, se houver quebra, será de apenas 10%", explica.

Fonte: Diário do Comércio (Michelle Valverde)

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