Café decola em NY com expectativa de déficit na oferta mundial

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O mercado demonstra estar quebrando o “paradigma” de tranquilidade no abastecimento, passando para um quadro de cautela com a tendência de uma oferta mais apertada adiante.

O mercado reage à indicação de déficit na oferta global e às notícias de queda nos embarques. A OIC (Organização Internacional do Café) projeta déficit de 502 mil sacas de 60 kg para a temporada 2019/20 (outubro/setembro). A OIC trabalha com uma produção mundial de café em 2019/20 de 167,399 milhões de sacas, com queda de 0,9% contra 2018/19, que tem produção indicada em 169,001 milhões de sacas. O consumo mundial em 2019/20 deve crescer 1,5% e chegar a 167,901 milhões de sacas, contra 165,345 milhões de sacas em 2018/19.

Já o Rabobank projeta déficit mundial de oferta de 3,5 milhões de sacas em 2019/20. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a mudança de cenário, passando de superávit para déficit, ajuda a dar suporte ao movimento de alta. “E a queda nos embarques mundiais está atrelada a fluxo mais retrancado de origens, que iniciam o novo ciclo comercial em outubro. E essa performance justifica o movimento de aperto nos diferenciais, especialmente entre os suaves (colombianos e da América Central) e o café robusta no Vietnã”, comenta.

Paralelo a isso, pondera o consultor, observa-se um forte apelo técnico e uma intensa atividade de fundos na bolsa nova-iorquina, que ajudaram a elevar o patamar de mercado e sustentam os ganhos. Estoques certificados em queda na Bolsa de NY, rolagem na compra para o vencimento Março 2020 e flutuação do petróleo ajudam a criar um ambiente positivo, acredita. “Em todo caso, fica cada mais claro que o mercado mudou de patamar. E, mesmo sujeito a eventuais ajustes, por estar esticado demais, ainda deve segurar ganhos e, com isso, trabalhar em um patamar mais alto de atuação se comparado a períodos anteriores”, estima Barabach.

Os embarques mundiais totalizaram 8,91 milhões de sacas em outubro, caindo 13% em relação a igual mês do ano passado, segundo a OIC. Já os embarques do Brasil começaram a perder ritmo. Em novembro o país embarcou 3,29 milhões de sacas de café verde, aponta o Secex. “Embora um volume expressivo, representa uma queda de 15% em comparação a igual período do ano passado. Esse recuo deve se intensificar ao longo do 1o semestre de 2020, por conta da safra menor no Brasil”, comenta o consultor de SAFRAS.

Nos últimos sete dias, o café arábica para março/2020 na Bolsa de Nova York subiu de 118,45 para 124,85 centavos de dólar por libra-peso (fechamento desta quinta-feira 05/12), acumulando alta de 5,4%.

As cotações do café no Brasil vão reagindo a essas fortes altas de NY. No balanço semanal, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu de R$ 505,00/510,00 a saca de 60 quilos na quinta-feira anterior (28 de novembro) para R$ 525,00/530,00.

Barabach comenta que o mercado físico brasileiro de café acentua o movimento de alta nesse começo de dezembro, e os negócios ganham novo fôlego. “O mercado se apoia na consolidação dos ganhos do arábica na ICE em NY e na firmeza do dólar, mesmo depois dos ajustes negativos. O comportamento de dólar e do referencial futuro alimentam a espiral de alta interna e garante a manutenção da curva positiva dos preços físicos”, indica. Pondera que o movimento de alta é mais direto no caso dos cafés melhores, uma vez que as bebidas mais fracas e o café conilon não acompanham em proporcionalidade os ganhos externos.

Fonte: Agência SAFRAS (Por Lessandro Carvalho) via Revista Cafeicultura

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