Café de Pinhal: produtores buscam agregação de valor

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Produtores rurais formaram um grupo de trabalho com vistas à indicação geográfica do café de Pinhal, que é uma certificação oficial, para que o produto tenha reconhecimento nacional e internacionalmente pelas suas características e reputação únicas, ligadas ao local em que foi produzido. Prevê-se um período de até dois anos para que isso ocorra. A elaboração do projeto Café de Pinhal conta com a consultoria da empresa pinhalense P&A Marketing Internacional.

Para o produtor Júlio Ragazzo, o projeto Café de Pinhal pode provocar uma revolução positiva na cafeicultura de Espírito Santo do Pinhal uma vez que visa agregar valor ao produto, ressaltando sua origem e valorizando o nome do município como produtor de cafés de qualidade. "Foi dado um passo de união dos produtores, associações, poder público e Coopinhal através da criação de um grupo de trabalho que vai elaborar as regras desse processo de indicação geográfica".

O presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e presidente da Associação de Produtores Rurais do Areião e Região, Henrique Gallucci, explica que, depois de pronto, o projeto será enviado ao Ministério da Agricultura para que libere recursos suficientes para a sua execução.

Durante o lançamento do projeto, o secretário geral das Câmaras Setoriais da Codeagro (Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios), Nelson Pedro Staudt disse que "não dá mais para produzir um café gourmet, que é um café superior, com preço de café tradicional".

Os produtores é que vão decidir se a indicação geográfica vai abranger outras cidades da região ou apenas Pinhal. Para Paulo Henrique Leme, consultor da P&A, tem de se pensar em um tamanho ideal de região produtora, para que haja uma qualidade de produção boa. Ele citou que o café do cerrado, que já tem sua indicação geográfica registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), engloba 55 cidades. "Pinhal vai ter de criar sua própria estrutura. Terá de definir, por exemplo, qual é o processo correto de sua produção. Obviamente, vamos colocar a questão do meio ambiente, a questão social no processo e também a da qualidade, porque não desejamos que nenhum café saia de Pinhal com qualquer tipo de problema. O café com a certificação de indicação geográfica de Pinhal deverá ter um padrão mínimo de qualidade, e são os produtores que irão definir qual será esse padrão".

A certificação do café produzido seria realizada por uma auditoria independente, e as regras estariam sob a tutela de um conselho regulador formado pelos próprios produtores. A história de sucesso da certificação do café do Cerrado Mineiro será um ótimo exemplo para os trabalhos a serem realizados em Pinhal.

O maior beneficiado com a indicação geográfica é o pequeno produtor, porque o grande possui recursos para fazer o marketing da fazenda. O pequeno não, ele se beneficia muito mais da indicação geográfica do que o grande.

Outra ação que pode auxiliar o processo de obtenção da indicação geográfica possui apoio da Coopinhal, que é o geoprocessamento e georreferenciamento, iniciativas que serão fundamentais neste projeto. Para se ter uma ideia, o café do Cerrado é vendido hoje, lá fora, através de um código de barras impresso no saco.

Discutiu-se na reunião também a importância de unir as torrefações de nossa região no processo, para que a marca do café de Pinhal ganhe ainda mais abrangência. O marketing espontâneo e o apoio da população à iniciativa também é muito importante.

O projeto irá congregar todas as entidades representativas de produtores do município, pois o benefício será de todos os cafeicultores de Pinhal. "Não importa se você é da Santa Luzia, Areia Branca, Três Fazendas ou Areião, se é associado ou não, se é ou não da Cooperativa de Pinhal, se trabalharmos democraticamente, o objetivo será alcançado. A tarefa não será fácil", lembra Paulo Leme.

Paulo Leme ressalta que a indicação geográfica é importante não por ser uma marca de uma empresa, algo individual, mas de uma coletividade, que representa todos os produtores de uma determinada região. "A indicação geográfica agrega pessoas em torno do fortalecimento de seu próprio produto, é uma estratégia de marketing".

Na prática, os produtores terão de participar das reuniões, fornecer informações sobre como produzem seu café, definir padrões de qualidade do produto, qual a marca a ser registrada, como auditar as fazendas que estão participando do projeto. "Eles têm de ter voz ativa para ajudar a fazer esse projeto conosco", diz o consultor.

A reportagem é do jornal A cidade, resumida e adaptada pela Equipe CaféPoint.

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