Café da região de Apucarana aposta na tecnologia para avançar no mercado internacional

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Um dos expoentes nesta nova cultura de café, tido como ‘gourmet’, é Mauro Sato, de Apucarana – foto TN

Com a ajuda da tecnologia, o café da região quer avançar no mercado estrangeiro. Cafeicultores do Vale do Ivaí estão investindo cada vez mais em novas técnicas para aumentar a qualidade na lavoura. Para auxiliar nestes esforços, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Paraná,  em parceria com Universidade Estadual de Maringá (UEM) e inciativa privada, está desenvolvendo um selo especial chamado ‘Café Norte Novo’, uma marca que identifique o produto da região. Especialistas apontam que municípios têm características geográficas únicas, com potencial para cultivar o melhor café do Brasil.

Apesar de ter tradição na cafeicultura, a região nunca se estabeleceu com produtora de grãos de alta qualidade. Mas esta realidade começou a mudar nos últimos anos. Um dos expoentes nesta nova cultura de café, tido como ‘gourmet’, é Mauro Sato, de Apucarana. Há oito anos, ele modernizou e revolucionou a propriedade rural da família, que planta café há décadas, para cultivar alguns dos melhores grãos do país.Em 2010, Mauro retornou do Japão após 17 anos e encontrou o sítio da família com muitas dificuldades.

“O sítio produz café desde a época do meu avô. Mas quando cheguei, encontrei a lavoura em situação bem difícil. Então, resolvi estudar. Viajei, observei as técnicas de cultivo e resolvi implementar o que havia de mais moderno”, lembra.Foi em Minas Gerais, hoje o principal estado produtor de café de qualidade do Brasil, que Mauro vislumbrou a mudança que necessitava. “Em Minas, o cultivo é completamente diferente. Lá, vi que estamos pelo menos uns 50 anos atrasados. O cultivo tradicional está morrendo, é preciso se modernizar. Sem a mecanização e técnicas modernas de produção, a cafeicultura não se sustenta”, afirma.

Outras ideias foram encontradas no Paraná mesmo, nos municípios pertencentes ao chamado Norte Pioneiro. O produtor, que também é engenheiro agrônomo, adquiriu maquinários para colheita e secagem e modificou totalmente a forma de produção. “O café de qualidade tem maior valor agregado, sendo mais rentável. Enquanto que a saca de café comum é vendida em torno de R$ 400, eu já comercializei os grãos mais selecionados a R$ 900”, destaca.Isso aconteceu porque, paralelo ao cultivo de um café de maior qualidade, ele investiu no chamado café ‘gourmet’: grãos selecionados um a um, de maneira artesanal, com qualidade extremamente superior.

“É um trabalho grande, um processo longo, mas dá resultado. Este é o caminho. Os produtores da região precisam investir nestes processos”, diz. Das cerca de 450 sacas produzidas na propriedade anualmente, menos de 30 são ‘gourmet’.Os resultados vieram rapidamente: em 2016, ele ficou em segundo lugar no concurso de melhor café do Paraná. “Por causa do nosso clima, solo e altitude, podemos fazer o melhor café do Brasil e, talvez, até do mundo”, afirma Mauro.

Emater desenvolve selo especialO grande potencial do café da região é endossado pela Emater. Segundo o gerente regional do órgão, Cristovon Videira Ripol, o desenvolvimento do selo ‘Café Norte Novo’  será um diferencial importante.“O Governo do Paraná já tinha o projeto estratégico Café de Qualidade. Nossa região começou a se destacar, vencendo premiações estaduais e até nacionais, fazendo com que o mercado voltasse os olhos para os nossos municípios. Foi daí que veio a ideia do selo”, disse.

Selo
O selo é uma importante ‘jogada de marketing’, fundamental para atingir mercados externos, principalmente o europeu. Inspirado em rótulos como os mineiros ‘Alta Mogiana’ e ‘Sul de Minas’, além do paulista ‘São Paulo Centro-Oeste’, a intenção é vender ‘experiências’. “Nosso café tem características singulares: é o único sendo produzido na região do Trópico de Capricórnio, em propriedades familiares, em solo de terra roxa, entre outras características. Tudo isso chama atenção, provoca. Isso gera curiosidade, expectativa, atrai os compradores”, aponta Cristovon.

Para isso, parcerias firmadas com a UEM e com uma empresa sediada em Jacarezinho têm sido fundamentais. “A UEM tem dado todo o suporte em informações para entendermos a dinâmica do café no mundo. Já a empresa Capricornio Coffees é a nossa ‘ponte’ entre produtores e o mercado externo”, diz o gerente regional da Emater.Ao todo, cerca de 30 cafeicultores da região fazem parte destes esforços para formar esta nova região produtora.

Uma sala de provas foi montada em Jandaia do Sul, onde técnicos especializados fazem a degustação do produto para atestar a qualidade da bebida. O selo está em fase de homologação, já que o processo pode ser bastante burocrático.

Por RENAN VALLIM/TN, TNOnline

Fonte: Tribuna do Norte – Diário do Paraná

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