Café: Crise na Europa é a principal razão para queda contínua das cotações

Imprimir

Os contratos de café com vencimento no próximo mês de julho (inverno no Brasil, maior produtor de café do mundo) na ICE Futures US, em Nova Iorque, fecharam nesta quinta-feira (14) abaixo de US$ 1,50 por libra peso e nesta sexta (15) a US$ 1,5005, em mais uma semana de queda generalizada nas cotações do café.

A crise na zona do euro, que se agrava a cada semana e agora começa a atingir até a credibilidade de bancos suíços (ontem o banco central suíço alertou que o Credit Suisse e o UBS, os dois maiores bancos do país, precisariam promover um aumento de capital para enfrentar a crise europeia – fonte: OESP de hoje, pág. B-8), é a maior razão para a queda contínua das cotações do café, mas o pessimismo dos operadores – que devido ao quadro trabalham apenas com metas de curtíssimo prazo – começa a abalar até as análises sobre os fundamentos do mercado de café.
 
As exportações brasileiras de café neste período de entressafra (janeiro a junho) estão dentro do esperado para um ano de safra baixa, e ao final deste mês de junho, deveremos fechar o ano-safra 2011/2012 com exportações ao redor de 30 milhões de sacas! Um ótimo desempenho para o Brasil. Um ano atrás, no início da safra, ninguém esperava números acima do que estamos alcançando.  

Obviamente o total embarcado ficará abaixo do que conseguimos em 2010/2011, que foi ano de safra cheia, dentro da bianualidade da produção brasileira de café. Alguns analistas, contagiados com o pessimismo  sobre a economia europeia, começam a explicar a queda dos embarques brasileiros, quando comparados ao mesmo período de 2011, como reflexo de uma possível queda de consumo na Europa e não da safra de ciclo baixo no Brasil. Estes embarques estão dentro do esperado e já eram projetados um ano atrás, no auge da euforia com os preços do café.
 
Em nossa opinião, a descontrolada queda das cotações do café, que não encontra justificativa quando se olha para os fundamentos do mercado, exige uma rápida e forte ação do governo brasileiro. 
 
Só assim evitaremos uma grande transferência de renda dos cafeicultores brasileiros para o exterior. A situação estatística nunca foi tão clara e favorável ao Brasil, que está “com a faca e o queijo na mão” para defender os interesses da cafeicultura e do país. 

As cotações nas bolsas de futuro estão pressionadas pela crise financeira na zona do euro e não refletem a realidade do mercado físico de café. Com este quadro, é o preço nas bolsas de futuro que faz o preço a vista no mercado físico e não o contrário, como seria o esperado.

Neste período de crise, é necessário criarmos um indexador temporário que reflita a real situação do café. Em 2011 ficou claro que mesmo acima de dois dólares por libra peso não houve corrida para plantio nos principais países produtores de café.

A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 4.570.778 em 31 de maio de 2012. Uma alta de 49.441 sacas em relação às 4.521.337 sacas existentes em 30 de abril de 2012.

Até o dia 14, os embarques de junho estavam em 294.872 sacas de café arábica e 63.825 sacas de café conillon, somando 358.697 sacas de café verde, mais 42.251 sacas de café solúvel, contra 409.700 sacas no mesmo dia de maio.

Até o dia 14, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 913.020 sacas, contra 888.046 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 8, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 15, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo, 540 pontos ou US$ 7,15 (R$ 14,58) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 8 a R$ 422,46/saca e hoje, dia 15, a R$ 410,17/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 85 pontos.

Fonte: Escritório Carvalhaes

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *