Café brasileiro ganha espaço em mercados de Índia e Vietnã

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Os mercados russo e alemão estão se ampliando para o café brasileiro, que ganha espaço de países produtores como Índia, Vietnã e de algumas regiões africanas. O movimento enquadra-se num contexto de demanda aquecida e baixos estoques mundiais, fatores que elevam e sustentam os preços da commodity. No Brasil, os cafeicultores são favorecidos também pelo câmbio (dólar acima de R$ 1,90).

O mês de maio marca o início da colheita nas principais regiões brasileiras. A safra de 2012/2013 (safra cheia) deve bater recorde, com 50,5 milhões de toneladas colhidas, ou 16% a mais do que no ano passado, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Contudo, especialistas afirmam que a oferta maior não irá derrubar os preços internacionais.

"O consumo mundial deve seguir em alta, com uma produção global que pode não acompanhar o mesmo ritmo", diz a pesquisadora Caroline Lorenzi, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O café arábica estava cotado, ontem, a R$ 388 na produção paulista, segundo o instituto. O presidente do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé-SP), Natan Herszkowicz, atenta para a questão cambial: uma valorização de 17% do dólar ante o real. "Transferiu-se isso para o café. O produtor está sendo mais bem remunerado", afirma. E ressalta que a venda de variedades especiais é outro fator de valorização do café brasileiro. "O mundo continua demandando café, e café de alta qualidade, o que beneficia o País".

Conilon "especial"
Os produtores ligados à Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), no Espírito Santo, querem provar que o conilon, a exemplo do arábica fino, também pode ser considerado especial. O descascamento do café e a seleção manual dos frutos permitiram à cooperativa explorar novos mercados, na Rússia e na Alemanha – e no Brasil -, com ganhos de 20% sobre o valor do grão.

A Coopeavi está negociando os cafés a R$ 350 (arábica), R$ 245 (conilon) e R$ 275 (cereja-descascada ou "conilon especial"), segundo o gerente de cafeicultura da cooperativa, João Elvidio Galimberti. "Há um consenso, por parte dos produtores, de produzir o café cereja-descascada", diz. "Temos observado uma procura maior pelos cafés especiais, o consumidor tem assimilado bem a qualidade."

Galimberti explica que o cafeicultor capixaba, na produção do cereja-descascada (colheita manual e seletiva), tem um "ganho real". Por alguns motivos, economiza-se espaço ("ao tirar a casca") e o tempo para secar os grãos fica menor. Além de tudo, os mercados interno e externo pagam mais pelo produto. "[A Rússia e a Alemanha] são mercados que, até então, preferiam receber produtos da Índia e da África, que produzem o melhor conilon", afirma Galimberti. Em 2011, a Coopeavi enviou dez contêineres (192 toneladas, no total) aos dois países. Neste ano, já fez outros dois embarques (somando 39,4 toneladas) e recebeu oito encomendas, de 19,2 toneladas cada.

O preço do café cereja-descascada, destinado ao estrangeiro, atualmente fica entre US$ 155 e US$ 170, de acordo com o gerente da cooperativa. "O preço final das exportações traz exatamente a margem de 20% [sobre o valor do conilon tradicional] que tentamos agregar ao produto", diz Galimberti. "O produtor tem um ganho real", reafirma.

Evolução histórica
"A produção brasileira tem se superado a cada ano, com tecnologias, variedades novas, adensamento de plantio… o conilon alcançou níveis de produção muito elevados, e já há cafés rendendo 80 sacas por hectare", analisa Herszkowicz, que, além de presidir o Sindicafé-SP, dirige a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

O representante cita que, por exemplo, hoje já se têm cafezais com cinco ou seis mil pés plantados por hectare – algo inimaginável nos anos 70, quando se plantava cerca de 1,5 mil mudas por unidade. Outro exemplo: conilons hiperprodutivos (cinco sacas/ha) no Espírito Santo. "Especialmente nos últimos cinco anos conseguiram-se resultados excelentes por lá." O fator irrigação é destaque: a técnica cresceu "muito", na última década, na mogiana paulista e no cerrado mineiro, de acordo com Herszkowicz.

Fonte: DCI

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