Café brasileiro: em melhora contínua

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Avanço: concursos no setor do café estimulam mais tecnologia e qualidade ao produto

A excelência do café brasileiro é reconhecida internacionalmente. Não por acaso. O aprimoramento tecnológico e de excelência da indústria cafeeira nacional é constante. Uma prova disso são as dezenas de concursos de qualidade promovidos anualmente. “O Brasil é o país que mais organiza esse tipo de iniciativa”, afirma Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). “Não tenho dúvidas de que esses concursos são determinantes para a melhoria da qualidade do café brasileiro.”

Competições como o Concurso Nacional de Qualidade de Café, promovido pela ABIC, que chegou à sua 14ª edição este ano, acabam impactando positivamente toda a cadeia, desde o campo até a indústria. “A cada ano, os produtores buscam refinar seus produtos, o que gera um efeito cascata na medida em que outros produtores entram em contato com novas técnicas e conhecimentos”, diz Herszkowicz. “É um sistema muito poderoso.”

O concurso nacional da ABIC possui um grande diferencial. Ele é o único a levar em consideração a opinião dos consumidores e ainda possibilitar que os cafés premiados sejam degustados pelo grande público. Para isso, a ABIC estabeleceu a regra pela qual os lotes campeões de cada categoria são vendidos em um leilão eletrônico, do qual participam desde grandes indústrias até pequenos restaurantes. O lance mínimo aceito é um valor 70% acima da cotação do café na bolsa no dia anterior ao leilão. Mas os valores costumam ser bem maiores.

Para o produtor, chegar ao leilão não é nada fácil. Primeiro, é preciso participar da etapa regional, organizada pelos estados produtores. É permitido inscrever lotes de até 35 sacas, para as categorias de cafés arábicas preparados por via seca ou úmida; e de duas sacas, para a categoria microlote, provenientes de propriedades com, no máximo, 15 hectares.

Os comitês regionais escolhem os lotes que passarão para a etapa nacional. Nessa fase, as amostras são avaliadas por um júri técnico, formado por cinco especialistas em classificação e análise sensorial, e por um júri popular, do qual fazem parte grupos de consumidores de cada estado inscrito no concurso.

A avaliação se dá por meio de prova cega. Além disso, as propriedades são analisadas em relação ao seu nível de sustentabilidade. O júri técnico responde por 70% da nota e os outros dois quesitos, por 15% cada. São considerados campeões os lotes que receberem a maior nota final ponderada para sua categoria.

A participação dos consumidores no processo, além de garantir mais credibilidade ao concurso, funciona como uma pesquisa de mercado. “Como a prova é cega, acontece de uma amostra de um estado ser a escolhida como a melhor em outro estado”, afirma Herszkowicz. “É uma forma interessante de perceber a variedade de gostos e de formas de preparo presentes no Brasil.”

O sistema de leilão também torna o café de altíssima qualidade mais acessível. Os participantes podem comprar apenas uma saca de café, algo impossível no mercado normal. Os cafés adquiridos são industrializados e chegam aos consumidores por meio da Edição Especial dos Melhores Cafés do Brasil, com edições limitadas de cada lote.

Também é possível realizar consórcios de compra, o que favorece a participação de bares, cafés e de pequenas companhias. Na edição deste ano, o preço médio por saca ficou em mais de 1 800 reais. As duas sacas do microlote campeão, produzido por Leticia Conceição Quintela de Alcântara, na Fazenda Divino Espírito Santo, de Piatã (BA), foram arrematadas por 18 000 reais (9 000 reais cada).

O Concurso Nacional de Qualidade de Café não é o único promovido pela ABIC. A associação também realiza, anualmente, o evento Melhores da Qualidade, que premia as marcas que mais se destacaram no Programa de Qualidade do Café (PQC). O objetivo, sempre, é garantir que os melhores cafés produzidos no Brasil cheguem às prateleiras dos supermercados, aos restaurantes e aos cafés. Tais concursos promovem a excelência do café brasileiro, dentro e fora de casa. E o consumidor agradece.

Fonte: Portal Exame 

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