Café agroecológico: produção em Serra Negra (SP) vai beneficiar 250 famílias

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Serra Negra (SP) foi escolhida para desenvolver um projeto que visa reduzir o uso de agrotóxico na lavoura, produzindo café ecológico. O investimento é fruto da parceria entre a Associação de Cafeicultura Orgânica do Brasil (ACOB) e a Fundação Banco do Brasil (FBB). Com orçamento estimado de R$ 400 mil para a compra de equipamentos nos próximos 18 meses, a medida deve beneficiar 250 famílias.

Segundo os idealizadores, o foco do projeto que será lançado na próxima sexta-feira (20) é desenvolver a cafeicultura familiar, por meio de práticas agroecológicas, reduzindo custos econômicos com práticas socioambientais.

A expectativa é que cada produtor economize até R$ 40 por saca de 60kg. “É um projeto que traz perspectiva positiva de aumento de renda de famílias que vivem basicamente do café”, explica o engenheiro agrônomo Cássio Franco Moreira, diretor executivo da ACOB.

O projeto prevê a instalação de três unidades de referência em pós-colheita em Serra Negra, equipadas com descascadores, elevadores, módulos de terreiros suspensos, secadores, entre outros. Os equipamentos garantem melhor condições de trabalho, e o beneficiamento de um grão de qualidade.

Engenheiro agrônomo destaca que região do Circuito das Águas é privilegiada para cultivo de café (Foto: Ellen Fontana)

Região privilegiada
Serra Negra é apenas uma das cidades do Circuito das Águas Paulista com produção de café. A região, aliás, é apontada como ideal para o cultivo do produto, por conta do solo e altitude.

“Temos os mais deferentes solos e climas, onde há produtores com lavouras plantadas a 650 metros e outros a 1.350 metros de altitude. A elevação do nível do mar é fator diferencial na qualidade do café, provoca nuances únicas à xícara, dentre elas, a acidez cítrica, a doçura acentuada e marcante, toques de nozes e frutas secas. Esses são os sabores e características mais encontradas na região”, explica o engenheiro agrônomo Jonas Leme Ferraresso.

De acordo com o agrônomo, o tipo arábica, ideal para a cultura do café especial, predomina nos cafezais do Circuito das Águas Paulista. Ele possui aroma e doçura intensos, com inúmeras variações de acidez, corpo e sabor, com 50% cafeína se comparado ao robusta (canilon).

Ferraresso presta consultoria para cafeicultores associados à recém-criada Associação dos Produtores de Café Especiais do Circuito das Águas Paulista (Acecap), com sede em Serra Negra. A entidade conta com 30 associados, que já investem em cafés especiais.

“Nosso objetivo é unir os produtores e trabalhar para a indicação geográfica dos nossos produtos. Um selo que certifique que o café é produzido no Circuito das Águas Paulista. Isso só irá valorizá-lo”, comenta a presidente Silvia Fonte, produtora de café orgânico desde 2017.

Café especial
Para reconhecimento do café especial é usada no mundo todo a metodologia de avaliação sensorial da Associação de Café Especial (SCA) que, após análise de 10 itens, exige no mínimo 83 pontos em uma escala de pontuação que vai até 100.

No Brasil ela é feita pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). O critério é a prova da dedicação que exige do cafeicultor em todas as etapas de produção, desde o desenvolvimento da planta até a torra, passando pela colheita e pós-colheita.

Café produzido no Circuito das Águas Paulista (Foto: Ellen Fontana)

“É preciso estar atento aos mínimos detalhes dia a dia, principalmente na limpeza e escolha dos grãos após a colheita”, ensina Ellen Fontana, da Fazenda Fronteira, em Socorro (SP). Da quinta geração de uma produção familiar que começou com o avô, Ellen, formada em zootecnia pela Universidade de São Paulo (USP), começou a investir no cultivo de café especial em 2011.

Com as terras a 1.350 metros de altitude, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, a produtora cultiva café em 18 hectares e prevê 450 sacas para 2018. O produto tem como destino certo a Austrália.

O clima ameno e chuvas bem distribuídas fazem com que agricultores vejam no café uma cultura rentável. Foi um dos motivos que levou o empresário britânico Bernard Charles Ecclestone, o Bernie Ecclestone, ex-chefão da Fórmula-1, a investir em café na fazenda que comprou em Amparo (SP). É fácil de encontrar a bebida preparada com grãos da região nos paddocks dos grandes prêmios da categoria mundo afora.

História
A história do café no Circuito das Águas Paulista começou há 140 anos e se mantém viva em oito das nove cidades do polo turístico. Á área total de cultivo é de 6.782 hectares.

Números da Casa da Agricultura mostram que a maior concentração está em Socorro, com 781 produtores que cultivam 2.365 hectares. Depois vem Serra Negra, com 366 produtores e 2.524 hectares. Amparo (157 e 900 hectares) e Monte Alegre do Sul (155 e 487 hectares) são outras cidades expoentes na região.

O Brasil é o maior produtor de café do mundo, sendo que o café especial teve um crescimento de 5,2 milhões de sacas em 2015 para 8,5 milhões em 2017, de acordo com a Associação Brasileira dos Cafés Especiais (BSCA).

Secagem de grãos de café no Circuito das Águas Paulista (Foto: Ellen Fontana)

Fonte: G1 Campinas e região (Por Ivan Lopes)

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