Caconde (SP) adota medidas de prevenção para garantir colheita do café durante a pandemia

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Produtores de Caconde, município do interior de São Paulo, se uniram para realizar a colheita do café seguindo todos os critérios de sanidade em razão da pandemia do novo coronavírus.

O objetivo é manter a economia local sem deixar a saúde de lado, e o cuidado redobrado é porque, normalmente, uma colheita de café reúne muitas pessoas.

Por isso, a Prefeitura editou um decreto para estabelecer procedimentos e protocolos de saúde para a contratação de empregados rurais de outras localidades. O agricultor que descumprir terá que pagar uma multa de R$ 593 por trabalhador que trouxer de fora.

Todos os anos, o período de colheita de algumas culturas provoca um grande vaivém de trabalhadores que migram de outras regiões do país atrás de um emprego.

Uma das lavouras que mais exigem mão de obra deste tipo é o café, especialmente em áreas de montanha, onde as máquinas não conseguem chegar.

Em Caconde, a área de café do município passou de 7 mil hectares para 12 mil hectares em uma década. Foi quando a mão de obra se tornou ainda mais necessária. Porém, a pandemia forçou alguns ajustes.

“Os produtores entenderam que precisa ser feito algo muito rigoroso para que a gente possa preservar a saúde de todo mundo que está na lida do café e da população em geral.”, explica o presidente do Sindicato Rural de Caconde, Ademar Pereira.

Prevenção
Antes que os trabalhadores de fora chegassem, a população da cidade se organizou para produzir o item que virou símbolo da prevenção ao novo coronavírus: uma rede de 60 voluntários se propôs confeccionar 24 mil máscaras.

Para ajudar na distribuição, o padre Ivan Gandolfe colocou as 28 capelas da zona rural de Caconde para funcionar durante ao combate da doença.

Mesmo assim, devido à pandemia, Caconde deverá receber metade do pessoal que veio na última safra, algo em torno de 150 trabalhadores, principalmente do Ceará, Pernambuco e norte de Minas, que já começaram a chegar.

A primeira parada deles é na sede do Sindicato Rural, onde o médico Edson Carlos Gênova faz os exames necessários para a contratação.

A vinda de cada um dos trabalhadores foi comunicada à vigilância epidemiológica do município 5 dias antes da chegada, isso é uma das exigências do decreto da Prefeitura.

Para ajudar produtores de café de outras partes do país, a Emater de Minas Gerais preparou uma publicação para ajudar na prevenção ao novo coronavírus na atividade.

A cartilha tem dicas para ajudar no distanciamento e cuidados sanitários entre os funcionários nas lavouras, nos refeitórios, alojamento e até o transporte.

Para baixar a publicação, clique aqui.

Medidas na prática
Dos 10 trabalhadores de fora da cidade que o agricultor Flávio Ferreira espera para esta colheita, apenas um já chegou na propriedade, o Paulo César, que já está na lida seguindo uma das orientações da Prefeitura: usar a mesma máquina até o final dos trabalhos.

“Distanciamento, o máximo que está tendo, na roça o distanciamento é de uma rua para o outro. Eu vou em uma, pulo e sigo na outra. Antigamente (não era assim), era tudo próximo um do outro”, afirma o trabalhador local Anderson Antonio da Silva.

Ferreira teve que começar a colheita antes da hora por causa da redução da mão de obra em Caconde. O trabalho, que acabaria em cerca de 80 dias, agora deverá durar até 130 dias.

“A gente é acostumado a começar com uma maturação melhor do café, mas com essa pandemia vamos ter que colher um pouco mais verde e um pouco mais cedo. (Aí) O preço já não é o mesmo, mas é o que tem para este ano”, diz.

No processo de adaptação do trabalho em plena pandemia, Sebastião Alves Neto, administrador de uma propriedade vizinha, ressalta um outro aspecto importante que merece atenção no período de colheita: a hora da refeição.

“Nós devemos ter cuidado porque isso aí não é brincadeira, é coisa séria. A Covid-19 não brinca”, diz o trabalhador rural Jair João da Silva.

O que diz o decreto?
Dentre as obrigações determinadas pelo decreto municipal, estão também alguns ajustes nos alojamentos dos trabalhadores. Por exemplo, não pode mais ter beliche nos quartos, e as camas devem ficar a 1 metro uma da outra. Tudo para manter o distanciamento entre eles.

Nas duas primeiras semanas de trabalho, uma enfermeira irá até a roça, dia sim, dia não, para avaliar a condição dos profissionais.

O decreto vai durar até o fim da colheita, que pode demorar cerca de 5 meses. Com isso, haverá acompanhamento rotineiro da saúde dos trabalhadores.

“A gente vai estar monitorando cada trabalhador, vai ser feita aferição de temperatura, sinais e sintomas”, afirma a técnica de enfermagem Sueli Cirlei de Faria.

Qualquer sintoma de gripe ou resfriado deverá ser comunicado às autoridade de saúde de Caconde.

Fonte: Globo Rural

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