Brasil exporta menos café na safra 2015/2016

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O ano-safra 2015/2016 terminou com exportações de 35,41 milhões de sacas de café entre julho do ano passado e junho deste ano. O volume representa uma queda de 3,2% em relação à temporada 2014/2015, quando os embarques somaram 36,57 milhões de sacas de 60 quilos.

As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (13/7) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), em São Paulo (SP). Mesmo com a redução nos volumes embarcados, o resultado foi o segundo melhor dos últimos cinco anos, atrás apenas do registrado na safra 2014/2015.

“Mesmo com a atual situação da economia brasileira, o agronegócio café se comportou bem neste ano-safra. O cenário é positivo para a produção e o comércio”, acredita o presidente do CeCafé, Nelson Carvalhaes, para quem o Brasil conseguiu manter sua participação no mercado global.

As vendas externas de café em grão caíram 3,8%, para 31,79 milhões de sacas. O Cecafé atribui o desempenho aos estoques reduzidos e à menor produção, especialmente de robusta no Espírito Santo. Enquanto os embarques da variedade caíram 49,2%, somando 2,30 milhões de sacas, as remessas de arábica subiram 3,4%, para 29,48 milhões de sacas.

As exportações do produto industrializado foram de 3,62 milhões de sacas de 60 quilos, aumento de 3% na comparação da safra 2015/2016 com a anterior. O CeCafé contabilizou embarques de 3,6 milhões de sacas de café solúvel e 27,9 mil do torrado e moído.

Além do menor volume, os preços mais baixos influenciaram a receita com as vendas externas entre uma safra e outra. O valor médio por saca foi de US$ 151,26 no ciclo 2015/2016, uma redução de 19,4% em relação à anterior (US$ 187,77). Com isso, os exportadores faturaram US$ 5,35 bilhões, 22% a menos que na temporada 2014/2015.

“A receita foi extremamente favorável para a cadeia produtiva”, avaliou Carvalhaes. Segundo ele, apesar das oscilações da taxa de câmbio e das cotações em dólar nas bolsas internacionais, os preços em reais se mantiveram “lineares”.

2016
Em junho, as exportações brasileiras de café caíram 10,9% quando comparadas com o mesmo mês em 2015. Foram 2,38 milhões de sacas. As vendas do produto em grão caíram 11,7%, somando 2,06 milhões de sacas de arábica e robusta. As remessas de café industrializado tiveram redução de 5,6%, para 313,4 mil sacas do solúvel e do torrado e moído.

A receita com as exportações no mês passado foi 19,7% menor que em junho de 2015. Os exportadores faturaram US$ 350,78 milhões, resultado também influenciado pelo preço médio de US$ 147,29 a saca, 9,9% mais baixo de um ano para outro.

Nos primeiros seis meses de 2016, foram para o exterior 16,19 milhões de sacas de café em grão e industrializado, redução de 8,7% em comparação com o primeiro semestre de 2015. As vendas do produto em grão caíram 10%, somando 14,39 milhões de sacas de arábica e robusta. As remessas de café industrializado subiram 2,8%, chegando a 1,8 milhão de sacas do solúvel e do torrado e moído.

O faturamento no semestre foi 24,9% menor que no intervalo de janeiro a junho em 2015, totalizando US$ 2,38 bilhões. O preço médio foi de US$ 147,02 a saca, 17,7% mais baixo que o registrado nos primeiros seis meses de 2015.

“O cenário é positivo para a produção e o comércio de café” (Nelson Carvalhaes, presidente do CeCafé)
A expectativa é de recuperação dos volumes embarcados no segundo semestre com a entrada da safra nova no mercado. No cenário traçado pelos exportadores, o crescimento da produção não acompanha o do consumo global. Com isso, não há formação de estoques de café, inclusive, no Brasil, onde os níveis estariam entre os mais baixos da história.

No entanto, mesmo observando uma conjuntura positiva, Nelson Carvalhaes admitiu que dificilmente o Brasil vai superar a temporada passada e chegar a um novo recorde. “Vamos ter produto suficiente para atender as exportações e a demanda interna. Mas não acredito muito em crescimento das exportações. Está mais para uma manutenção”, disse.

Sobre os preços, o presidente do CeCafé avaliou que uma taxa de câmbio em torno de R$ 3,40 traz “equilíbrio” para o mercado. Mas destacou que a situação do mercado cambial deve ficar mais clara só depois de agosto, quando deve haver uma definição do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. “Acho que vai ter um preço bom de café. Não há motivo para cair nem para subir excessivamente”, afirmou.

Fonte: Revista Globo Rural (Raphael Salomão)

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