BRASIL E VIETNÃ MENOS VENDIDOS – ALTISTA E BAIXISTA

Saiu o acordo para a liberação de mais uma tranche de empréstimo à Grécia depois da aprovação de medidas pelos seus políticos. Vale lembrar que logo o governo muda…

O país terá que cortar mais despesas, isto depois de cinco anos seguidos de recessão (sendo que apenas no ano passado a contração foi de 4.4%). O objetivo é que em 2020 o déficit orçamentário grego seja de “apenas” 120% do seu PIB. Certo.

Bem, mesmo depois da “boa-nova” o mercado precifica um risco de 70% de calote da dívida grega nos próximos cinco anos. Como já mencionado aqui, empurrou-se o problema mais para frente para evitar um risco imediato de contágio em outras economias “periféricas” da Europa, com a esperança que no daqui a um tempo a situação esteja melhor para absorver o que de fato já está acontecendo (ou não devemos considerar o “haircut” dos títulos do governo como um default técnico?).

As bolsas de ações fecharam em leve alta na semana, enquanto os principais índices de commodities subiram entre 2.5% e 3%, liderados por energia, açúcar e metais.

O café em Nova Iorque encerrou com alta de US$ 1.65 a saca, e em São Paulo com ganho de US$ 3.00 a saca. O robusta em Londres teve queda do contrato de março, negociando virtualmente no mesmo nível do contrato de maio. Entretanto o spread do maio/julho saiu de desconto e na quinta-feira foi a prêmio (inverteu), com os participantes apostando que um novo “squeeze” possa acontecer. Um grande número de opções de compra ajudou a puxar o mercado, assim como a volatilidade-implícita (que está em torno 5% mais cara do que a histórica).

Nas origens a curta-semana, carnavalesca no Brasil, fez com que a movimentação do físico fosse modesta, muito embora no mercado futuro notou-se um bom volume de venda dos produtores da América Central.

Novas estimativas (privadas) de safra do Brasil indicam uma produção para o ciclo de 12/13 entre 53 e 55 milhões de sacas, volume menor do que inicialmente esperado, mas maior do que as estativas oficiais. De qualquer forma não é um grande alívio para o quadro global, embora mais uma vez devo salientar que o fato mais inesperado (e baixista) tem sido a mudança do perfil/qualidade do consumo.

Informações sobre estoques em portos europeus e japoneses na semana mostraram uma queda modesta. Por outro o volume de café vendido nas duas principais origens do mundo, tanto da safra que está sendo colhida (Vietnã), como da futura (Brasil), é historicamente baixo – argumento que anima os baixistas e pode limitar uma alta substancial dos preços futuros. No mercado “spot” torradores cobrem suas necessidades por não conseguirem achar um nível interessante para comprar no FOB, tanto para embarque imediato quanto para a segunda metade do ano.

Em resumo está muito chato este mercado.

A queda de braço é entre as origens que acham que o terminal sobe, e o destino que espera que o diferencial caia (pois já aproveitaram para cobrir o “flat-price”). Parece que alguns fundos têm batido no mercado quando a bolsa tenta respirar (subir), assustando produtores que ou não venderam ou queriam ter vendido mais dos seus cafés.

Por ora acho que o mercado vai se manter entre o intervalo de US$ 200.00 e US$ 240.0 centavos, sendo que US$ 220 será uma forte resistência em um primeiro momento.

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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