Bolsa de Nova York registra cotações mais elevadas em quase três anos

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A Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o café arábica encerrou esta quinta-feira (9) com alta influenciada pela questão climática. A cada dia que passa sem chuvas regulares os cafeicultores temem a produção da próxima safra e a bolsa reflete essas apreensões. O contrato dezembro/14 registrou 221,65 cents de dólar por libra peso com alta de 720 pontos, o março/15 anotou 225,45 cents/lb e o maio/15 fechou o dia cotado a 227,20 cents/lb, ambos com valorização de 715 pontos. O julho/15 tem 228,30 cents/lb e 720 pontos de alta. São as cotações mais altas em quase três anos.

Segundo o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, o quadro climático continua a tirar o sono dos operadores. “Não há previsão de chuvas representativas nem generalizadas para o cinturão produtivo do Sudeste do Brasil pelos próximos 7 a 10 dias, e isso pode servir de base para que as cotações internacionais se mantenham estabilizadas e com potencial para buscar ainda melhores níveis para se acomodar”, afirma.

De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de café brasileira em 2014 deve ser de 45,1 milhões de sacas de 60 kg — 32,3 milhões de sacas de arábica (71,6%) e 12,8 milhões de sacas de Conillon (28,4%). A safra de arábica deve ter queda de 14,8% no volume de produção em relação ao ano passado e a de Conilon aumentará 18,9%. O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta números parecidos, a Companhia estima 45,1 milhões de sacas de 60 Kg de café beneficiado — arábica corresponde a 32,1 milhões de sacas.

No entanto, segundo cafeicultores a preocupação agora é com a safra do próximo ano visto que a atual está quase toda colhida e em processo de comercialização. A safra 2015 deve ter reflexos negativos com a seca que perdura desde o início do ano nas principais regiões produtoras. De acordo com o cafeicultor e consultor de mercado, Marco Antônio Jacob, devido à seca, ciclo de produção menor (bianualidade), baixo crescimento vegetativo das plantas, redução dos tratos culturais e uma grande quantidade de cafeeiros sendo podados, a produção no Brasil na próxima safra deve ser inferior a 40 milhões de sacas.

Para se ter ideia dos prejuízos da seca em todo o cinturão produtivo, as plantações de cafés irrigados da região do cerrado mineiro já começam a sofrer também com a falta de chuvas. "Estamos percebendo que os cafeicultores que usam essa tecnologia estão no limite, mais uma semana ou dez dias eles não devem ter mais água. Os córregos na região estão secando e várias propriedades tirando água do mesmo local", afirmou o trader da Expocaccer, Joel Souza Borges. Os cafeicultores da região correm o risco de não ter água para irrigar o café até a florada principal.

Segundo a meteorologista do Cepagri, Ana Maria Heuminski de Avila, a regularização das chuvas para o Sudeste e Centro-Oeste deve chegar somente na segunda quinzena de outubro ou início de novembro.

Mercado interno

Apesar da alta na bolsa americana, não houve correção nos preços do mercado interno. “A sensação ainda é de perplexidade para muitos do setor. Uma grande parcela dos envolvidos não esperava um movimento tão forte do mercado e assim, este percentual de operadores, literalmente, perderam o fôlego”, diz Magalhães.

Na cidade Poços de Caldas-MG, o tipo cereja descascado está cotado a R$ 595,00 a saca de 60 kg com valorização de 7,40% em relação ao dia anterior. O café arábica tipo 6 duro também registrou preço mais alto na cidade, está valendo R$ 525,00 a saca de 60 kg e alta de 6,71%. No mais, os preços apresentaram pouca variação.

O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 registrou baixa na quarta-feira (8) e está cotado a 504,05 a saca de 60 kg com recuo de 0,91%.

Tipo 4/5 registra alta na BM&F Bovespa

As cotações do café arábica tipo 4/5 registraram alta na sessão desta quinta-feira (9). O vencimento dezembro/14 encerrou cotado a US$ 253,00 a saca de 60 kg com alta de 2,85%, o março/15 finalizou a sessão com US$ 259,50 e 1,57% positivo. O setembro/15 anotou US$ 275,00 a saca e 3,64% de valorização. Foram 648 contratos futuros negociados no dia, com giro financeiro de R$ 39,167 milhões.

Robusta tem alta em Londres

As cotações do café robusta na Bolsa Internacional de Finanças e Futuros de Londres (Liffe) registraram alta nesta quinta com apreensão de oferta apertada contra demanda e riscos para a safra brasileira do próximo ano. O contrato novembro/14 está cotado a US$ 2.181 por tonelada com valorização de US$ 30 a tonelada e o janeiro/15 registrou US$ 2.195 por tonelada com elevação de US$ 34.

Fonte: Notícias Agrícolas (Jhonatas Simião) via Rede Social do Café

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