BM&FBovespa: perspectivas do mercado de café 2010/11

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A BM&FBOVESPA e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), promoveram em São Paulo, o Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2010 e 2011, no último dia 04 de maio.

No painel de perspectivas do mercado de café, Carlos Brando, da P&A Marketing, foi o coordenador da mesa, contando ainda com Luiz Otávio Araripe, diretor da Valorização Empresa de Café (palestrante) e João Carlos Hopp Junior, da Exportadora Guaxupé (debatedor).

O painel começou com a palestra de Araripe, que a iniciou-a apresentando dados sobre produção, consumo e estoques de café.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma safra entre 45,9 milhões e 48,6 milhões de sacas. O número do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) ainda não foi divulgado, mas o diretor acredita que deverá girar em 52 milhões de sacas. Com essa safra, a relação de oferta e demanda mundial já registraria um déficit de 1 milhão de sacas em 2010/11, com oferta de 134 milhões e demanda de 135 milhões de sacas. "O estoque de passagem estará zerado no dia 1º de julho deste ano, ou seja, não teremos cafés da safra atual após essa data", comenta João Carlos.

Em 2011/12, a situação seria pior, com oferta de 127 milhões e consumo de 138 milhões, gerando um déficit de 11 milhões de sacas. Sendo assim, os estoques mundias deverão alcançar no máximo 4 milhões de sacas.

João Carlos concorda com Araripe que em 2012 faltará café no mercado, e acredita que essa lacuna será preenchida pelo Brasil, que tem grande capacidade de estender sua produção.

Araripe acredita que o café tem um potencial de consumo tão grande que é inimaginável, e complementa que o consumo dos países produtores, somado, tem um potencial de crescimento de 48 milhões de sacas em um ano, levando em conta que a taxa anual de crescimento mundial do consumo de café nos últimos anos foi de 2% a 2,5%. Ele avalia que os estoques devem diminuir cada vez mais, o que deve fazer os preços subirem.

João Carlos afirma que o consumo deve crescer nos países de grandes populações, como a China.

Segundo Araripe, é insustentável continuar produzindo café no Brasil, pelo menos nas regiões onde a mão de obra é cara. Ele acredita que o aumento de produção seria uma saída, porém isso só ocorrerá se os preços melhorarem. "Os preços do café estão praticamente estáveis por 5 anos. Hoje, uma saca de café equivale à meio salário mínimo, o que é insustentável" disse o diretor.

Em relação às regiões onde o custo de mão de obra é alto, João Carlos comenta que a estrutura de produção deverá mudar para que os cafeicultores consigam se manter no mercado.

Diante dos dados e análises apresentadas, Araripe considera um enorme erro de julgamento do mercado trabalhar com a safra brasileira de café entre 58 milhões e 60 milhões de sacas, em 2010. Considerando-se a área estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e contando com os atuais níveis de produtividade do país, que giram entre 15 e 21 sacas por hectare, dependendo da bienalidade, este número não fecha.

Segundo o diretor, com uma produtividade de 20,7 sacas por ha, a produção seria de 44,257 milhões de sacas. Se os níveis forem excelentes, a safra chegaria em 50,243 milhões de sacas. Para chegar próximo de 58 milhões, o rendimento teria que ser de 27 sacas por ha. "Isso só ocorreria com um aumento de área", aponta.

Carlos Brando concorda que o preço tem que subir para que a produção aumente.

Araripe entra no assunto que em Nova York os cafés podem ser recertificados, ou seja, os cafés armazenados passam por análise e se aprovados recebem certificação novamente, ficando autorizada a comercialização. Isso significa que os preços de NY representam cafés lavados de 4 anos atrás.

João Carlos esclarece a questão de que os preços do café brasileiro são inferiores aos praticados na bolsa de NY e nos demais países produtores, dizendo que o mercado brasileiro manda no mercado mundial, e que a diferenciação de preço dos cafés brasileiros e dos demais é em função da qualidade.

Em relação as tendências de preços para os próximos meses, João Carlos disse eles deverão se manter estáveis no mercado interno, com possível leve queda no pico da safra. " A perspectiva é comprar café em agosto e vender no carnaval", complementa ele.

Fonte: CaféPoint

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